Por Agência EY – Em um horizonte não muito distante, os automóveis, ônibus e caminhões com motores movidos a combustão serão parte do passado.
Até 2033, cinco anos antes do previsto, as vendas combinadas de veículos elétricos (EV) nos Estados Unidos, China e Europa devem superar a todas as outras vendas de motores.
Em 2045, automóveis não EV representarão menos de 1% das vendas em todo o planeta. As projeções fazem parte de um estudo recente da consultoria EY sobre o avanço dos elétricos nas mais diversas formas de mobilidade.
De acordo com o levantamento feito pela consultoria, uma série de fatores aceleram o declínio dos motores convencionais em diversos países do mundo. Entre eles, as novas tecnologias de baterias para os motores, mudanças nos hábitos do consumidor e incentivos públicos em diversos países para adoção de tecnologias não poluentes.
“Uma mistura de mudanças nas atitudes do consumidor, regulamentações ambiciosas com foco no clima e evolução da tecnologia está prestes a mudar o cenário da compra de veículos para sempre. Embora a indústria automotiva tenha começado a abraçar mais plenamente o movimento em direção à eletrificação, o impacto dessa mudança sísmica está chegando mais cedo do que muitos esperavam”, explica Randall Miller, líder global de Manufatura Avançada & Mobilidade da EY.
A pandemia também contribui para as mudanças. Segundo o estudo da EY, pessoas que, antes da pandemia, estavam dispostas a substituir um automóvel próprio por outras formas de mobilidade, como o compartilhamento e o transporte público, estão reavaliando sua posição após a Covid-19 e agora planejam adquirir ou manter o automóvel individual.
E parte dessas pessoas – em torno de 30% – pretende dar prioridade aos motores elétricos na próxima aquisição.
No Brasil, atualmente há cerca de 45 mil veículos leves eletrificados, entre híbridos (com motor a combustão e elétrico) e os 100% elétricos. Os dados são da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), com base no Registro Nacional de Veículos Automotores (Renavam). Os pesados – caminhões e ônibus – não entram nessa conta.
Em 2020, segundo a ABVE, foram vendidas 19.745 unidades eletrificadas, cerca de 1% do total de veículos leves emplacados no Brasil no mesmo período – 1.950.889, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). A tendência é que os números cresçam nos próximos anos.
“Até 2030, entre 15% e 20% dos veículos brasileiros serão elétricos, segundo projeções da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores)”, explica o sócio-líder da EY para o setor automotivo no Brasil, Marcelo Frateschi.
Segundo ele, o crescimento do setor depende de fatores como fornecimento e custo da energia elétrica no Brasil, melhoria da infraestrutura para carregamento das baterias, em especial nas estradas, e incentivos governamentais para a produção e aquisição de veículos elétricos.
“Uma das questões a serem resolvidas é o custo da bateria, que ainda é muito alto, e o descarte correto do ponto de vista ambiental”, explica Frateschi.
Há também o desafio de baratear o preço final do carro ao consumidor. Atualmente, um modelo elétrico chega a custar o dobro de um equivalente convencional. “A tendência é que os elétricos se tornem mais baratos, com o avanço da tecnologia e maior produção, o que reduz os custos”, diz o consultor da EY, que também defende incentivos tributários pelos ganhos ambientais proporcionados pela não emissão de poluentes.
Alguns setores ligados à mobilidade começam a aderir às novas tecnologias. É o caso da Movida, locadora de veículos que recentemente adquiriu 90 unidades com motores elétricos para sua frota de aluguel.
“O carro elétrico é para quem deseja aliar os benefícios da locação com uma nova experiência de locomoção, que não deixa nada a desejar para um carro a combustão”, diz o diretor de planejamento e receita da Movida, Rafael Tamanini.
No setor de pesados – ônibus e caminhões – os eletrificados também ganham cada vez mais espaço.
A Marcopolo, uma das maiores fabricantes de ônibus do mundo, já entregou 375 ônibus elétricos e híbridos para o Brasil e países como Argentina, Austrália e Índia. Deste total, 75 estão em cidades brasileiras como São Paulo e São José dos Campos. Segundo a montadora, outros 400 coletivos elétricos devem ser entregues até o fim deste ano.
Na capital paulista, os elétricos começam a ser utilizados em outras áreas, como a limpeza urbana. Segundo a Prefeitura, oito caminhões de coleta de lixo movidos a eletricidade foram incorporados ao departamento de limpeza urbana.
No centro da metrópole, triciclos elétricos são utilizados no recolhimento dos sacos de lixo nos calçadões da região central.
Segundo Frateschi, os consumidores, em especial os mais jovens, devem optar cada vez mais pela mobilidade elétrica, graças a uma tendência natural pela conectividade digital.
“Achamos que seria algo mais para o futuro, mas o mercado de veículos elétricos no Brasil está se antecipando e crescendo em progressão geométrica”, diz o consultor da EY.