Engana-se quem acredita que poupar é assunto de jovem ou que garantir uma vida financeira saudável não deve estar entre as prioridades de quem passou dos 60 anos. Nesta sexta-feira (1º), quando se comemora o Dia do Idoso, debater a educação financeira na terceira idade é mais do que necessário, principalmente em uma sociedade que está vivendo cada vez mais.
Flávia Montoro, planejadora financeira CFP pela Planejar (Associação Brasileira de Planejamento Financeiro) é enfática: "nunca é tarde para ter uma vida financeira saudável". Ela lembra que a expectativa de vida do brasileiro é de 76,2 anos – 72,9 anos para homens e 79,8 anos para mulheres. "Se você é uma brasileira com 60 anos, pela estatística, tem mais 20 anos de previsão de vida. Então, considero de demasiada importância cuidar das finanças", afirma Flávia.
Apesar disso, essa ainda é uma realidade distante. Um levantamento realizado, em todas as capitais, pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), por exemplo, mostrou que em 2018, sete em cada dez idosos (70%) estavam aposentados. Do total, 21% continuavam trabalhando e uma das principais razões era o fato de a renda não ser suficiente para pagar as contas (47%).
Quando o assunto era preparação para aposentadoria, ficava clara uma falta de conscientização. Entre os entrevistados que se planejaram de olho nesta fase da vida, três em cada dez (32%) admitiram nunca ter guardado dinheiro exclusivamente para esta finalidade.
"A grande maioria dos aposentados continua trabalhando. Essa é a realidade de vários países, e também do Brasil. Por isso que eu enfatizo a importância de criar o hábito de guardar dinheiro desde jovem. Porém, nunca é tarde para começar", diz Flávia.
Como colocar as contas em ordem?
Controlar as finanças exige disciplina. Colocar gastos e recebimentos na ponta do lápis é extremamente importante. Por isso, separar um caderno e criar o hábito de anotar quanto se recebe e o quanto se gasta por mês é o primeiro passo.
Com isso, será possível responder a uma pergunta que, conforme Flávia, é fundamental: você consegue sobreviver com o que recebe? "É preciso identificar se o orçamento é superavitário ou deficitário? Simplificando, num orçamento superavitário sobra dinheiro no final do mês e num orçamento deficitário se gasta mais do que se ganha", detalha a planejadora.
Se sobra dinheiro no final do mês, não o deixe parado porque, provavelmente, ele será gasto em compras sem necessidade. O ideal é investi-lo. Procurar um especialista que avalie os objetivos e necessidades é importante para escolher o melhor investimento conforme cada perfil. Agora, se o orçamento está deficitário, está na hora de pensar onde é possível cortar gastos ou se há uma maneira de aumentar a renda.
De acordo com Flávia, os idosos têm alguns direitos que podem ajudar a economizar e tirar as contas do vermelho. Esses direitos podem até colaborar para que sobre um montante para algum investimento que poderá servir como reserva de emergência ou mesmo bancar algum sonho. Confira:
Isenção do IPTU
Idosos com idade acima de 60 anos têm isenção no Imposto Territoral Urbano (IPTU). É preciso verificar em cada cidade as regras para conseguir o benefício.
Medicamentos gratuitos
O Estatuto do Idoso determina que o poder público deve fornecer aos idosos, gratuitamente, medicamentos, especialmente os de uso continuado. Para ter acesso aos medicamentos do programa Farmácia Popular, tanto na rede própria quanto nas farmácias privadas conveniadas ao programa, segundo o Ministério da Saúde, é preciso apresentar um documento de identidade com foto, CPF e receita médica.
Transporte público
A gratuidade no transporte público é assegurada pelo Estatuto do Idoso a partir dos 65 anos. Porém, em alguns municípios, o benefício é estendido a quem tem mais de 60.
Meia-entrada
O estatuto também prevê que maiores de 60 anos tenham, pelo menos, 50% de desconto no pagamento de atividades culturais, de lazer, artísticas e esportivas.