Por José de Castro e Luana Maria Benedito, da Reuters – O Banco Central despejou 1 bilhão de dólares no mercado de câmbio por meio de uma venda surpresa de contratos de swap cambial tradicional, provocando uma reviravolta no dólar, que despencou após o anúncio do leilão e aprofundou as perdas após a divulgação do resultado.
O volume injetado nesta quarta-feira (13) foi o dobro do colocado na última vez que o BC recorreu a esse instrumento de forma extraordinária, em 30 de setembro.
O BC vendeu 20 mil contratos de swap cambial tradicional nesta quarta, pegando de surpresa um mercado que havia empurrado poucos minutos antes das 15h o dólar à vista acima de 5,57 reais e o dólar futuro já para perto de 5,59 reais.
O vencimento 1º de fevereiro de 2022 abarcou 3.400 contratos, enquanto os 16.600 restantes foram negociados para 1º de junho de 2022.
O anúncio do leilão de swap ocorreu num dia em que o real estava visível e negativamente descolado de seus pares. No pior momento do dia, a moeda brasileira era a de desempenho mais fraco numa curta lista de três divisas que caíam frente ao dólar na sessão. Os demais 30 principais pares da moeda norte-americana se valorizavam ou mostravam estabilidade.
Com o anúncio da oferta e a posterior divulgação de seu resultado, o dólar desabou e foi à mínima do dia de 5,4997 reais (-0,70%). Na máxima, alcançada pouco antes do informe da operação de swaps, a divisa havia batido 5,5743 reais (+0,65%).
O swap é um derivativo que permite troca de taxas ou rentabilidade de ativos financeiros. No caso do swap cambial tradicional, o título paga ao comprador a variação da taxa de câmbio acrescida de uma taxa de juros (cupom cambial). Em troca, o BC recebe a variação da taxa Selic.
O objetivo do BC com esse instrumento é evitar movimento disfuncional do mercado de câmbio, provendo hedge cambial – proteção contra variações excessivas do dólar em relação ao real – e liquidez aos negócios. A colocação de contratos de swap tradicional, portanto, funciona como injeção de dólares no mercado futuro.