Bolsa de Valores

É possível lucrar com ações na Black Friday?

Data liga o alerta para bons negócios, inclusive, no mercado de ações. Porém, cenário econômico pede cautela

Black Friday - Reprodução
Black Friday - Reprodução

Nesta época, investidores olham com lupa as empresas que podem se beneficiar de um melhor volume de vendas no final do ano. Já consolidada no calendário dos brasileiros, a Black Friday liga o alerta para bons negócios, inclusive, no mercado de ações.
 
Este ano, no entanto, o cenário econômico e político pode colocar um freio no rali das ações atreladas à data. Para quem acredita na estratégia de comprar papéis das queridinhas da Black Friday, esperando a valorização para venda posteriormente, o conselho é: cautela.

Beto Assad, analista financeiro e consultor de ações do Kinvo, explica que a Black Friday abre a possibilidade de que empresas intimamente ligadas ao “feriado de vendas", e que participem das grandes promoções da data, tenham um efeito positivo na cotação de suas ações. 

Contudo, este ano, as apostas na valorização de papéis por conta das promoções de novembro podem não ser tão certeiras. "Devemos lembrar que o momento no país, com taxa de juros subindo a cada reunião do Copom e inflação acima de dois dígitos, pode fazer desta Black Friday uma das mais desafiadoras dos últimos anos", afirma Assad.

O analista de renda variável da Ouro Preto Investimentos, Bruno Komura, admite que a Black Friday é um evento que tende a movimentar o varejo, assim como o Natal. Porém, concorda que este ano há barreiras. 

"A preocupação é a conjuntura mais desafiadora. Juros mais altos e inflação elevada desestimulam o consumo e reduzem o poder de compra. Além disso, há questões com o nível de estoque, dado que o mundo ainda sofre com problemas na cadeia de suprimentos", enumera. Com isso, Komura afirma que existe dúvida se o varejo vai conseguir 'bombar'.

Olhos atentos

Ainda assim, é importante ficar de olho para tentar fazer uma boa leitura do mercado e não perder oportunidades.

Assad explica que nesta época, a bola da vez são os papéis dos setores ligados ao consumo. "Podemos citar as grandes lojas de varejo, as empresas de gestão de shoppings, as empresas de tecnologia ligadas ao e-commerce e meios de pagamento", detalha. 

Estratégias

A entrada nas ações com base na Black Friday, conforme Komura, deve ser feita antes dos resultados do desempenho na data. Quer dizer, agora.

"Porque não deve haver tempo suficiente para se posicionar após sabermos como foram as vendas, o mercado se ajusta rapidamente. Com pensamento de curto prazo, pode ser uma boa ideia aproveitar o rali de fim de ano, se a política permitir, e vender logo após, dado que teremos muita volatilidade por causa das eleições". Mas os riscos e as incertezas estão altos, repete Komura.

"Apostas de curto prazo são sempre mais arriscadas, principalmente quando consideramos o atual cenário da bolsa de valores brasileira. A maioria dos papéis do setor está enfrentando forte desvalorização ao longo do ano, indicando sólida tendência de baixa", complementa Assad.

Apesar disso, ele admite que, pessoalmente, prefere fazer apostas de curto prazo em ações que estão em tendência de alta num prazo maior, mas corrigindo no curto prazo. 

"Isso abre espaço para comprar mais barato ações que têm maior potencial de continuar subindo. Hoje o setor, infelizmente, se mostra um tanto quanto arriscado quando pensamos em cenário Brasil e curto prazo".