Por Ana Beatriz Bartolo, da Investing.com – A Simpar (SA:SIMH3) apresentou um terceiro trimestre forte, com recorde nos lucros, Ebitda e na receita bruta, o que para Denys Ferrez, CFO da empresa, é resultado “da reorganização societária que começou em 2013 e foi concluída em agosto do ano passado”, segundo falou em entrevista exclusiva ao Investing.com Brasil sobre o balanço divulgado ontem, 10.
No terceiro trimestre, o lucro líquido da Simpar subiu 358% na comparação anual, para R$ 399 milhões, o que representa quase o volume total apresentado em 2020, aponta Ferrez. O Ebitda e a receita bruta avançaram 99% e 52%, respectivamente, para R$ 1,2 bilhão e R$ 4,4 bilhões.
“Investimos R$ 6,7 bilhões nos últimos 12 meses, um volume muito maior do que já fizemos. Com esse valor, o CFO comenta que está otimista com os resultados futuros da Simpar.
Outro dado destacado no balanço da companhia foi a redução da alavancagem, que hoje está em 3,3x. No final de 2020, esse indicador estava em 3,6x.
"Avisamos ao mercado que a nossa meta é operar com a alavancagem abaixo de 3x, mas que vamos trazer isso de forma gradual, porque todas as nossas operações têm muito potencial de crescimento, então estamos balanceando o crescimento com a desalavancagem”, explica Ferrez.
Investing.com Brasil – O que explica esses números recordes no trimestre?
Denys Ferrez – Isso é o resultado da contribuição da reorganização societária feita. Esse foi um processo que visava ter companhias com as próprias governanças para ter ritmo de crescimento nos custos e eficiência de forma individualizada.
Além disso, tínhamos feito a construção dessas bases de crescimento durante a recessão, quando construímos a base de ativos da Movida, a criação da Vamos. E isso vem acelerando o crescimento e a alocação de cada vez mais capital.
Muito do que estamos colhendo aqui é justamente resultado da alocação de um volume maior de capital. Mas já adianto que nós alocamos um volume muito maior e que ainda não produziu o seu benefício de fluxo de caixa na íntegra, o que é uma característica do nosso negócio de fechar um contrato e demorar 12 meses para ter o benefício cheio.
Investing.com Brasil – Como a Simpar está se organizando para continuar crescendo no próximo ano?
DF – Fizemos uma série de captações e alongamentos de dívidas, na ordem de R$ 5,6 bilhões, olhando já para 2022.
Então podemos assumir que antecipamos a necessidade de caixa de 2022 para garantir que vamos ter continuidade no nosso crescimento, porque independente do cenário econômico, nós estamos posicionados em setores que continuarão crescendo.
Então achamos que 2022 será volátil, mas nós já fizemos o caixa com dívidas bastante longas, o que nos prepara para ter a capacidade de comprar e um fôlego no cronograma de dívida para fazer o crescimento.
Investing.com Brasil – Como a possível aquisição da central de tratamento de resíduos Ciclos se encaixa na atuação da Simpar?
DF – Esse é um segmento que está sob o novo marco do saneamento e a Ciclos é uma oportunidade em um setor que ainda está se organizando. Vemos esse segmento como uma oportunidade de crescimento orgânico.
Se o acionista minoritário aceitar, porque mais uma vez o controlador disse que vai apoiar o que o minoritário decidir, vamos ter a oportunidade de participar desse crescimento de um setor tão alinhado com essa visão do tema ESG.
Esse é um ativo que sequestra gás metano equivalente a 300 mil automóveis por dia, o que supera toda a frota da Simpar como grupo. Seria possível dizer até que seríamos carbono neutro com essa incorporação.
Investing.com Brasil – Mas seria um movimento pensado apenas para uma visão ESG?
DF – Também vemos como um excelente negócio. É um mercado que está em fase inicial de organização. O novo marco regulatório fala sobre o fechamento de 3 mil lixões a céu aberto até 2024.
Hoje 40% do resíduo brasileiro está depositado em lugares inadequados, o que é uma oportunidade.
A Ciclos tem umas das plantas mais modernas na estrutura de captação e purificação de biogás e também tem a maior planta de osmose reversa de tratamento de chorume do mundo, que tem como resultado final a água desmineralizada, que pode ser usada para fins industriais.
Então é boa economicamente e do ponto de vista do ESG, porque você também pode fazer energia solar a partir dessa área que não tem funcionalidade do solo para cima, o excedente do biogás pode ser usado como energia elétrica na rede local a partir da chegada de transformadores e há um projeto de reciclagem dentro do espírito da economia circular.
Isso vem junto com uma parte relacionada à logística que é a necessidade de indústria de se responsabilizar pelo ciclo de vida dos produtos, de transportar e armazenar.