Em razão da pandemia

Consumidor quer seguro para despesa hospitalar e com reserva de emergência, aponta pesquisa

Todos os entrevistados, mais ou menos impactados pelos efeitos do coronavírus, têm interesses em novos tipos de produtos

- Adeolu Eletu via Unsplash
- Adeolu Eletu via Unsplash

Por Agência EY – Os graves impactos decorrentes da pandemia de Covid-19 levaram muitos brasileiros a repensar suas prioridades e comportamentos financeiros. Um deles refere-se à contratação de seguros.

De acordo com a “Pesquisa Consumidor de Seguros 2021”, realizada em maio pela consultoria EY, os consumidores mais atingidos pela crise estão interessados em produtos que cubram despesas com hospitalização e permitam acesso a reservas de emergência.  

O levantamento apresenta dois segmentos de entrevistados: os mais impactados pela crise – que perderam o trabalho ou alguma fonte de renda ou ainda tiveram implicações do ponto de vista de saúde – e os menos impactados.

Os dados confirmam que o grupo mais impactado pela Covid-19 passou por dificuldades financeiras consideráveis ao longo do último ano, enquanto o grupo menos impactado sentiu consequências mínimas e até conseguiu aumentar suas economias.  

Embora todos tenham afirmado que sua principal preocupação seria a perda de um ente querido, um número maior de respondentes do segmento mais impactado (94%) citou essa preocupação em comparação ao segmento menos impactado (83%).

"O resultado não é uma surpresa dado o momento da pesquisa e o pico no número de mortes decorrentes da segunda onda da pandemia, em março-abril de 2021, um pouco antes da aplicação da nossa pesquisa", afirma Nuno Vieira, líder de Consultoria em Seguros da EY. 

Perda de renda 

A perda de renda é a segunda preocupação mais comum (93%) entre o segmento mais impactado, enquanto o grupo menos impactado estava mais preocupado em prover as necessidades de seus dependentes (67%).

A perda de um esquema de trabalho regular (56%), a necessidade de usar as economias (56%) e a redução da jornada de trabalho (38%) foram os outros impactos sentidos por todos os participantes.

Aproximadamente 74% dos respondentes mais impactados afirmaram que sofreram redução na jornada de trabalho, dos quais 86% perderam horas em sua jornada de trabalho por causa da pandemia.  

De acordo com Nuno Vieira, a pesquisa constatou perspectivas completamente diferentes entre os dois grupos sobre o consumo de seguros.

"Aqueles que foram menos impactados querem ter mais soluções relacionadas a investimentos e aposentadoria. Muitos deles ficaram em casa e conseguiram até ter acréscimo de renda porque diminuíram seus gastos. Eles têm uma maior propensão a consumir produtos ligados a seguros com proteção financeira futura, investimentos e aposentadoria. Já os mais impactados disseram que sentiram que poderiam morrer e ficaram com a sensação de que precisavam proteger suas vidas e de suas famílias, principalmente do ponto de vista de saúde", explica. 

Cobertura 

Dentro do segmento mais impactado, a maioria dos consumidores possui seguro de vida e plano de saúde oferecidos pela empresa na qual trabalha. O grupo menos impactado tende a ter seguro de vida privado e plano de saúde oferecido pela empresa na qual trabalha. 

Todos têm interesse em novos tipos de produtos. Entre os mais impactados, 86% estão interessados ou muito interessados em apólices que cubram hospitalização ou em seguro de vida com cobertura de hospitalização, como uma alternativa ao plano de saúde tradicional.

Dentro do grupo menos impactado, 78% estão em busca por um seguro de vida que permita acesso a reservas em caso de emergências.  

"No Brasil, infelizmente, as contratações de plano de saúde são majoritariamente para quem tem um emprego. Pessoas que não têm trabalho dificilmente têm condições de acesso a planos de saúde. Às vezes, conseguem manter com muito custo um plano antigo. É uma questão para as seguradoras refletirem. A situação ideal seria oferecer produtos de seguro de vida que tenham também cobertura de saúde, por exemplo", diz Nuno.   

Seguradoras 

A forma como os consumidores se relacionam com as seguradoras também está mudando, aponta a pesquisa. Atualmente, dois a cada três consumidores estão abertos a comprar produtos de vida e aposentadoria pela internet.

Mais da metade (55%) dos mais impactados está disposta a compartilhar dados em troca de comunicação personalizada ou orientações para alcançar suas metas de saúde. Esse percentual entre as pessoas menos impactadas está em 47%.  

Os mais impactados também mostraram maior predisposição em trocar dados por uma redução de preço ou desconto em prêmio.

Aproximadamente, dois terços de todos os participantes disseram que se sentiriam confortáveis em comprar seguro de redes hospitalares, destacando os limites cada vez mais difusos entre seguro de vida e plano de saúde e sugerindo uma concorrência mais intensa no futuro. 

De todos os participantes, 74% gostariam de entrar em contato com seus corretores pela internet. Isso representa uma guinada importante em um mercado que tradicionalmente se baseia na interação pessoal e presencial com corretores e consultores.

Entretanto, os consultores continuarão sendo importantes, pois 48% dos mais impactados pretendem contratar um consultor financeiro para seu planejamento de emergência e 42% pretendem contar com um consultor para gestão de investimentos.   

Responsabilidade social 

Quase metade (46%) dos participantes afirma ter escolhido um produto de seguro com base na reputação da seguradora em relação à sua responsabilidade social corporativa (RSC).

Pensando no futuro, uma proporção bem maior de clientes (82%) acredita que o compromisso da empresa com as iniciativas RSC (práticas justas de trabalho e justiça racial, por exemplo) será um importante parâmetro para decisões de compra.

Aproximadamente, dois terços de todos os participantes usam sites para pesquisar os compromissos de RSC firmados pelas seguradoras.