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Expansão esperada para o crédito em 2022 tem segunda baixa seguida, apontando viés de queda

Levantamento feito com 18 bancos aponta que a maioria acredita que a inflação deverá permanecer em um intervalo de tolerância e não alcançaria o centro da meta em 2022

Febraban - Divulgação
Febraban - Divulgação

A expansão esperada para a carteira total de crédito em 2022 passou por nova revisão de baixa, apontando para um viés de queda no próximo ano. É isso o que revela a Pesquisa Febraban de Economia Bancária e Expectativas. 

Na segunda revisão seguida para baixo, a alta vai de 7,4% para 7,3%, mais uma vez refletindo a deterioração das perspectivas econômicas e as condições financeiras ainda mais restritivas, em razão da alta mais acentuada da taxa básica de juros, a Selic. Na pesquisa anterior de agosto a alta esperada era de 7,8%.

A revisão de baixa ocorreu principalmente na carteira com recursos livres (+8,0% ante +9,1% na pesquisa de outubro), enquanto a expansão projetada para a carteira direcionada ficou praticamente estável em 4,1% (ante 4,2%).

A Pesquisa é feita a cada 45 dias, logo após a divulgação da Ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). O atual levantamento, realizado entre os dias 4 e 9 de novembro, reuniu as percepções de 18 bancos sobre a última Ata do Copom e as projeções para o desempenho das carteiras de crédito para o ano corrente e o próximo.

Para a maioria dos entrevistados, a elevação recente da Selic e outra alta esperada para a próxima reunião do Copom será capaz de trazer a inflação de 2022 para um intervalo de tolerância, com baixa possibilidade de chegar ao centro da meta. O Focus projeta o IPCA em 4,79% para o próximo ano.

Para 2021, a expectativa é que a carteira total de crédito deve se manter em um ritmo de expansão elevado e crescer 12,7% em 2021. A projeção é superior à registrada na última edição do levantamento (+12,3%), feita em outubro, e prossegue em linha com a estimativa feita pelo Banco Central, que é de expansão de 12,6%.

O levantamento mostra que o destaque foi a revisão feita na carteira de crédito livre, cuja estimativa de alta passou de 14,1% para 14,8%, impulsionada pela carteira Pessoa Jurídica Livre – estimativa de crescimento passou de 11,2% para 12,7%. Nesta carteira estão linhas como capital de giro, antecipação de faturas de cartões de crédito e desconto de duplicatas e recebíveis.

A pesquisa mostrou que a revisão de alta da carteira livre destinada às famílias foi mais tímida, de 16,8% para 16,9%. Na carteira com recursos direcionados, a revisão também foi ligeiramente positiva, de alta de 8,0% para 8,1%.

"Devido aos bons resultados positivos da carteira de crédito nos últimos meses, ainda poderemos ter revisão de alta nas estimativas para este ano. O levantamento consolida a análise de que o grande destaque de 2021 será a carteira destinada às famílias, com o aquecimento de linhas ligadas ao consumo, após a flexibilização das medidas restritivas e o avanço da vacinação", analisa Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban.

Em relação à taxa de inadimplência da carteira livre, a pesquisa capturou uma ligeira alta nas projeções tanto para 2021 como para 2022, embora ainda sugerindo um cenário sob controle. Para 2021, a projeção subiu de 3,2% para 3,4%, retornando à estimativa do levantamento de agosto. Para 2022, a estimativa foi de 3,5% para 3,7%. Em ambos os casos, as projeções seguem abaixo do patamar pré-pandemia (3,8%).