Por Jessica Bahia Melo, da Investing.com – Em meio ao crescimento do setor imobiliário no país, uma fintech vem ofertando a opção de investimento coletivo nesse mercado. A Inco Investimentos já possui uma plataforma online com essa finalidade e vai lançar um aplicativo em janeiro do ano que vem.
A plataforma registrou crescimento de 461%, no primeiro semestre de 2021 e, no momento, são cerca de 70 projetos em andamento. Hoje com 7.700 usuários, a fintech quer terminar o ano que vem com 50 mil investidores.
A Inco Investimentos busca abrir espaço para 'investidores comuns', com alto ou baixo conhecimento sobre investimentos. O valor mínimo para aplicação é de R$500, mas em novembro a empresa realiza ação de Black Friday, com opções a partir de R$100. Os investidores atuantes na plataforma já obtiveram um retorno total de R$ 45 milhões em suas contas.
Em entrevista ao Investing.com, Daniel Miari, co-fundador da fintech, disse que o objetivo é democratizar o acesso de investidores ao mercado imobiliário e desburocratizar processos de captação de recursos para as empresas.
A Inco possui sede em Belo Horizonte, mas 90% dos colaboradores atuam em home office. São 45 funcionários e três sócios. Neste mês, devem contratar mais cinco colaboradores. No início do ano, eram 20 funcionários.
Confira a entrevista completa abaixo:
Investing.com Brasil – Qual é o diferencial da Inco Investimentos? Como ela busca se consolidar no mercado hoje?
Daniel Miari: A Inco é uma plataforma de investimentos e a nossa ideia era mudar a forma como as pessoas investem. O mundo dos investimentos, para quem está começando, é muito complexo, cheio de siglas. É algo que às vezes não é acessível tanto financeiramente como também pelo conhecimento. A gente queria que o investimento fosse mais simples, mais palpável. Começamos com um produto no mercado imobiliário, no qual tínhamos maior expertise.
A Inco faz a conexão de investidores a projetos imobiliários. Então, se uma construtora precisa de dinheiro para fazer um loteamento, um conjunto habitacional, precisa de crédito. As empresas possuem dificuldade de encontrar esse funding, é um processo burocrático, lento. Às vezes, a empresa precisa de funding em um momento que o banco não atende.
Percebemos que esse é um mercado palpável, no qual as pessoas conseguem entender. Realizamos um modelo de investimento no qual conectamos diversos investidores, um investimento coletivo em um projeto. Realizamos uma análise de crédito, pois queremos ofertar na nossa plataforma apenas produtos de alta qualidade. Também analisamos o projeto e os sócios, para entender se há processo – uma varredura completa antes de colocar na plataforma.
É bem apertado, hoje a gente aprova menos de 10% das empresas e a Inco também entra como investidora de todos os projetos que a gente lança, com alinhamento de interesse, realmente, com os investidores.
Inv.com – A fintech teve volume captado de R$ 128 milhões em 2021 até o momento. Quais são as perspectivas para o ano que vem?
Daniel Miari: A INCO é uma empresa que pode ser chamada de bootstrap, ou seja, iniciou sem investimento. Nós, sócios, colocamos o dinheiro.
No primeiro ano, conseguimos levantar para as empresas R$10 milhões, foi um sucesso! No segundo ano, fizemos uma aceleração no Banco C6, melhoramos vários processos e conseguimos levantar R$37 milhões.
Nesse ano, o objetivo é bater R$200 milhões totais. Já estamos com R$128 milhões. A ideia é chegar no ano que vem a R$ 1 bilhão.
É um processo, que tem crescido muito rápido. Desse volume total captado, já tivemos 27 empreendimentos que completaram o ciclo todo – lançaram, captaram, a obra rodou e finalizou o processo. Todos eles pagaram em dia, não tivemos nenhum caso de inadimplência.
Agora temos mais cerca de 70 projetos pagando mensalmente, então os investidores receberam tudo em dia até hoje. E as taxas são muito altas. A última oferta que lançamos na plataforma tinha uma oferta de 17,5% ao ano pré-fixada, com prazo apenas de 18 meses.
Começamos agora a lançar ofertas pós-fixadas. A ideia é ter produtos diversos em outros mercados. Queremos ter agro, energia e já estamos no mercado de startups. Temos um player, que é o fundo Bossa Nova, parceiro estruturado nosso e lança ofertas na nossa plataforma. Vamos trazer players que são especialistas de cada mercado. Acreditamos que a alma do nosso negócio é a qualidade dos produtos.
Inv.com – Qual é a abrangência de regiões dos empreendimentos disponíveis para investimento?
Daniel Miari: Por todo o país. Somos muito fortes nas regiões Sudeste e no Sul. É uma plataforma bem pulverizada e temos investidores de todos os estados brasileiros. A ideia é ser uma plataforma do Brasil. O que nos importa é a qualidade do projeto: se a empresa for sólida e esteja expandindo, precisando de funding, atuamos com a captação.
Já tivemos captações que foram recorde, com mais de mil investidores em um dia, já tivemos captações de R$2 milhões que esgotaram em quinze minutos. A demanda é muito alta, os investidores querem participar.
Inv.com – Quais foram os últimos resultados conquistados pela empresa?
Daniel Miari: O faturamento cresceu em torno de cinco vezes em relação ao ano passado, pois ele é diretamente proporcional ao volume captado. O plano o ano que vem é grande, já estamos com 7700 usuários e o objetivo é chegar ao final do ano que vem com 50 mil investidores.
Outro ponto relevante: realizamos uma rodada com participação do Thiago Nigro, o Primo Rico, no programa do Primo Rico Startups. Fomos lá, apresentamos e recebemos investimento.
Hoje, nossos investidores são recorrentes, alguns já participaram de mais de 40 projetos. Eu mesmo, pessoa física, investi em todos.
Acreditamos muito no que estamos construindo porque a INCO é boa para todas as pontas. Para o investidor, pois conseguimos oferecer a ele um produto com rentabilidade muito acima do que teria em outros lugares, com risco-retorno legal.
O investidor consegue diversificar em vários projetos, é acessível, fácil, o investimento é realizado em menos de 5 minutos pelo site e com o aplicativo vai ficar ainda mais fácil. Do lado das empresas, conseguimos entregar um funding muito mais rápido, mais simples, pois entendemos as dores.
O Brasil é um país com um déficit habitacional gigantesco, que precisa de moradia, de crédito. Conseguimos ajudar as empresas no crescimento, a gerar empregos. Ajudamos o investidor, o empreendedor e geramos um impacto social relevante.