Benefício

Auxílio Brasil deixa de fora pelo menos 558 mil famílias que vivem na miséria

Até maio deste ano, o número de benefícios era maior que o de miseráveis. Com a crise e o crescimento da pobreza, isso se inverteu em junho e passou a piorar mês a mês

- Marcello Casal Jr/Agência Brasil
- Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O Auxílio Brasil (ex-Bolsa Família) começou a ser pago na semana passada a 14,5 milhões de famílias. O total de benefícios não é suficiente para atender nem famílias em extrema pobreza (renda individual de até R$ 89 por mês). Há 15,06 milhões de famílias nessa situação. Ou seja, 558 mil famílias a mais do que os benefícios disponíveis.

Até maio ano, o número de benefícios era maior que o de miseráveis. Com a crise e o crescimento da pobreza, isso se inverteu em junho e passou a piorar mês a mês.

Mas o número de famílias em extrema pobreza que não é atendido pode ser muito maior do que esses 558 mil. O programa é destinado não só a miseráveis, mas também a pobres (renda mensal de R$ 89,01 a R $ 178).

Os miseráveis têm prioridade de atendimento, e todos deveriam ser beneficiados, para só depois entrarem os pobres. O governo não divulga quantos de cada categoria são atendidos. Então não é possível saber quantas famílias em extrema pobreza estão fora. 

Os dados de outubro e novembro ainda não foram divulgados no CadÚnico, mas a follha de pagamento do Auxílio Brasil mostra que em novembro foram pagos 14,5 milhões de benefícios, o que dá a diferença de 558 mil em relação às famílias na miséria.

Redução de beneficiários
Além do déficit crescente a partir de junho, o novo Auxílio Brasil começou a ser pago em novembro com uma redução de 148 mil beneficiários em relação ao último pagamento do extinto Bolsa Família, em outubro.

Além dessas famílias na miséria, outras 2,9 milhões de famílias estavam em situação de pobreza (com renda de R $ 89,01 a R $ 178). Todas elas são elegíveis a ter acesso ao benefício social. Com isso, a fila de espera hoje deve ter em torno de 3,5 milhões de famílias.

Governo havia prometido atender 17 milhões

A promessa do ministro João Roma (Republicanos) era de que o Auxílio Brasil ajudasse 17 milhões, segundo ele estimou em outubro . Agora, o governo diz que esse número só deve ser alcançado em dezembro. Com isso, cerca de 2,5 milhões de famílias aguardam ingresso no programa em uma fila de espera.

Desde que o presidente Jair Bolsonaro assumiu o poder, em janeiro de 2019, o número de famílias em extrema pobreza inscritas no Cadastro Único cresceu 2,3 milhões (eram 12,7 milhões em dezembro de 2018).

*Com informações de Carlos Madeiro, colaboração para o UOL, em Maceió