Número positivo

Estrangeiros aportam R$ 1,5 bilhão na B3 (B3SA3) em novembro; saldo de 2021 chega a R$ 90 bilhões

XP acredita que o retorno de investidores para a Bolsa vai ocorrer quando houver sinais de melhor resolução sobre a trajetória fiscal e política, continuação da recuperação econômica, cenário positivo para commodities e avanço de iniciativas ESG

- Paulo Whitaker/Reuters
- Paulo Whitaker/Reuters

O fluxo de capital estrangeiro na B3 (B3SA3) foi positivo no mês de novembro, com um saldo de R$ 1,5 bilhão.

Segundo o relatório da XP produzido por Fernando Ferreira, estrategista-chefe e head de Research, Jennie Li, estrategista de Ações, e Rebecca Nossig, analista de Estratégia de Ações, se considerados os dados de dezembro que já foram disponibilizados (até o dia 7), entraram R$ 6 bilhões de fluxo estrangeiro.

O saldo mensal continuou então a ser positivo em comparação com o mês anterior, que registrou uma entrada de R$12,4 bilhões. Quanto ao saldo total de 2021 até agora, ele continua positivo e acumula R$90,2 bilhões, um número bem acima dos R$ 7,4 bilhões em 2020.

Ferreira, Li e Nossig ressaltaram que a continuação do retorno desses investidores para a Bolsa brasileira vai ocorrer pelos seguintes fatores: i) melhor resolução sobre a trajetória fiscal e política do país; ii) a continuação da recuperação econômica; iii) cenário positivo para as commodities e os mercados emergentes, e iv) o avanço crescente das iniciativas ESG pelas empresas brasileiras.

Contexto

O número positivo foi alcançado na contramão de motivos que afetaram o desempenho da Bolsa durante o último mês, como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios que possibilita a adiamento do pagamento das dívidas judiciais do governo.

Inicialmente, a proposta para a flexibilização do teto de gastos incluída na PEC pra endereçar esses pagamentos e acomodar gastos adicionais, em particular o novo programa social Auxílio Brasil, não foi bem recebida pelo mercado por sinalizar um enfraquecimento do atual quadro fiscal do país.

Porém, no mês passado, a aprovação da PEC pela Câmara foi vista com otimismo por remover um pouco das incertezas fiscais. Mesmo assim, essas incertezas continuaram a pressionar os mercados ao longo do mês por conta de dúvidas quanto à tramitação do Senado.

Em novembro, o Ibovespa continuou sua trajetória negativa e atingiu 101 mil pontos ao final do mês e apresentou um desempenho mensal negativo de -1,5% em moeda local, enquanto a taxa de câmbio subiu +0,2% em relação ao dólar. Em comparação, o índice de ações globais, medido pelo MSCI ACWI, também registrou uma queda, de -2,5% no mês passado em dólares.

No cenário externo, surgiram novas preocupações globais com a variante Ômicron do coronavírus, identificada inicialmente na África do Sul e mais contagiosa do que a variante Delta.

Além disso, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, afirmou que o risco de uma maior inflação aumentou, e sinalizou acelerar a redução da compra de títulos públicos, conhecido como tapering, na próxima reunião.