Apesar do comprometimento financeiro, muitos brasileiros devem recorrer ao uso do nome ou do cartão de crédito de amigos ou familiares para as compras de Natal, segundo estimativas da proScore, bureau digital de crédito e authority de score.
Isso significa que mesmo as pessoas que não possuem um cartão de crédito ou estão com restrição de crédito conseguem acessar o mercado consumidor, seja pelo crediário ou por outras modalidades de financiamento, com registros pessoais de outros indivíduos.
De acordo com a Confederação Nacional do Comércio, Bens, Serviços e Turismo (CNC), há cerca de 12 milhões de famílias brasileiras endividadas. O maior nível observado nos últimos onze anos.
Ao todo, 74,6% dos grupos familiares no país possuíam dívidas a vencer nos próximos meses – seja por cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja e/ou crédito consignado.
“É uma tendência importante também para o aquecimento, ou reaquecimento, da economia, porque são retirados alguns entraves, do ponto de vista burocrático, para a aquisição de bens e serviços. Ou seja, independente do nome que esteja comprando, a compra está ocorrendo. E isso acaba refletindo diretamente na circulação de recursos em todo o País”, explicou Mellissa Penteado, CEO da proScore.
Questão cultural
Embora os riscos sejam explícitos, muitos componentes culturais ainda estão envolvidos no tradicional “empréstimo de nome”, comum nas mais diversas praças e segmentos sociais no Brasil.
Entre amigos, familiares, cônjuges e até entre colegas de trabalho, a prática é bastante utilizada para driblar restrições financeiras ou compartilhar vantagens.
Em tese, nada disso é ilegal, e quem empresta geralmente não cobra nada. Trata-se de um mero favor que pode custar caro.
Funciona assim: uma pessoa decide realizar uma compra, contratar um financiamento, cadastrar um cartão de crédito, assinar um novo serviço ou algo do tipo, mas com a sua pontuação de score financeiro, que indica ao mercado o status de “bom pagador” das contas em aberto, não consegue ir adiante.
A solução passa, então, a ser aquela pessoa disposta a ajudar, disponibilizando o próprio CPF para que o outro supere os critérios impostos pelas financeiras.
O problema é que, embora o gesto garanta acesso a aquele produto ou bem desejado para outrem, não assegura a quem cede as informações pessoais que o compromisso financeiro será cumprido até o final.
“Inclusive porque a pessoa que usufrui do “empréstimo de nome” não fica exatamente vinculada, de forma direta e legal, à compra. A responsabilidade, a princípio, é toda do dono dos documentos anexados ao processo de aquisição, seja ele qual for. Dessa forma, quem participa desse tipo de engenharia financeira se coloca em risco até a quitação do crédito”, ressalta Mellissa.
Com informações de Comunicação Conectada.