Por Eduardo Guimarães*
A Marfrig e a BRF anunciaram que desistiram do acordo para a fusão entre as duas empresas. A decisão tinha sido tomada há menos de dois meses. O principal motivo da desistência foi a falta de alinhamento dos acionistas das duas companhias em relação à Governança Corporativa.
De acordo com o fato relevante divulgado pelas empresas, o relacionamento comercial entre as partes permanecerá inalterado: a Marfrig fornece carne bovina à BRF para a produção de hambúrgueres das marcas Sadia e Perdigão.
A notícia é mais negativa para a BRF e esperamos impacto negativo no preço das ações (BRFS3 e MRFG3) no curto prazo. A fusão entre uma empresa de dono, Marfrig, e a BRF, que é uma empresa sem controle definido (“Corporation”), era muito improvável devido aos conflitos em termos de Governança Corporativa e a ausência de sinergias operacionais. Afinal, a Marfrig produz carne bovina e a BRF carne suína e de frango.
Os principais benefícios da fusão seriam financeiros, com a esperada redução do alto nível de endividamento da BRF – que tem relação dívida líquida/Ebitda acima de 5 vezes.
No final do dia, o fundador e dono da Marfrig, Marcos Molina, acabou não aceitando ficar com apenas 5,5 por cento da nova companhia combinada e ter um papel menos importante na empresa. A BRF era quem mais precisava do negócio devido ao alto nível de endividamento.
Do lado da BRF, dois principais acionistas da empresa, os fundos de pensão Previ e Petros, eram abertamente contrários à fusão com a Marfrig.
*Eduardo Guimarães é especialista em ações na Levante, empresa de recomendações, análises e carteiras de investimentos. Esta coluna é de inteira responsabilidade da Levante e não reflete, necessariamente, a opinião da SpaceMoney.