No final de julho de 2019, o Fomc (Federal Open Market Committee), nos EUA, e o Copom (Comitê de Política Monetária), no Brasil, anunciaram mudanças nas taxas de juros como proposta de mudança em suas políticas monetárias. Naquele país, houve corte de 0,25% na taxa básica de juros e, por aqui, o Banco Central do Brasil (Bacen) reduziu a Selic em 0,50%. Assim, cotada a 6,0%.
Logo depois, em setembro do mesmo ano, o Federal Reserve (Fed) anunciou novos cortes. A taxa básica que passou para um intervalo de 2,00%-2,25% com os cortes, foi reduzida, mais uma vez, em 0,25%, passando para a faixa de 1,75%-2,00%. Mais tarde, no dia 30 de outubro, o Fed cortou mais 0,25 p.p da taxa de juros. O intervalo ficou estabelecido em 1,5% e 1,75%.
Ainda em outubro, no Brasil No final da tarde, o Copom reduziu a Selic de 5,5% para 5% ao ano – a menor desde 1999, quando começou o regime de metas de inflação.
No mês seguinte, novas reuniões ocorreram nos dois órgãos. Contudo, nos EUA as taxas de juros se mantiveram inalteradas.
Com tantas mudanças no cenário dos juros, surgiu a dúvida:
Por que houve tanta expectativa do mercado em torno dessas mudanças?
O sócio da Ipê Investimentos Sérgio Brito apontou que as taxas básicas de juros das principais economias do mundo podem influenciar o fluxo de capital no mercado financeiro e também permitem que empresas se desenvolvam nos países.
“Quando há redução nas taxas básicas de juros, alguns mercados ficam mais atrativos em relação a outros e, assim, surge o fluxo de capitais. Quando os juros caem, o crédito também fica mais barato, ou seja, as empresas começam a tomar mais empréstimos por um menor valor, entregam mais dividendos, se desenvolvem e atraem mais capital”, explicou.
Na visão do sócio da Ipê, o investidor de longo prazo deve acompanhar o fluxo de capital ao mercado de ações. Segundo ele, esse tipo de investidor acredita na valorização das empresas e na geração de caixa em uma margem grande de anos e, “por isso, em um cenário com o corte de juros no Brasil, o investidor de longo prazo deve aumentar a exposição e aplicar na renda variável para obter melhores resultados em sua carteira”, aconselha.
Quando há corte em dois países fortes economicamente, como ocorreu em julho entre Brasil e Estados Unidos, Brito acredita que um dos países ainda permanece mais atrativo que o outro. “Na minha experiência, vejo que, com o corte em dois países, aquele que tiver um corte maior vai atrair o capital estrangeiro. Entretanto, com menor intensidade do que o esperado. Com o corte da Selic, por exemplo, o mercado brasileiro teve maior movimentação. Isso porque os investimentos de renda fixa passaram a render menos que os investimentos de renda variável. E, como sabemos, o que o investidor procura é a rentabilidade alta”, finalizou.