João Peixoto Neto é sócio e diretor de compliance e riscos da Ouro Preto Investimentos, gestora especializada em hedge funds e fundos estruturados que possui hoje mais de R$ 5 bilhões sob sua gestão, distribuídos em cerca de 90 fundos de investimento. Em entrevista exclusiva ao portal SpaceMoney, ele divide um pouco da sua experiência e dá dicas sobre os principais cuidados que os investidores devem tomar para evitar problemas e obter o maior retorno em suas carteiras.
1. Estude
O primeiro passo para quem quer aplicar suas economias é se preparar. O envolvimento do investidor e sua compreensão sobre as diversas opções disponíveis no mercado são fundamentais para obter os melhores resultados.
“Deve-se desconfiar de retornos muito acima da média do mercado e evitar investir em produtos que ele não conheça muito bem. Ou seja, se ele não entende nem um pouco do produto, não convém investir. Precisa ler um pouco, entender quem são as empresas que estão por trás e quais são os riscos daquele produto. O investidor precisa se educar um pouco”, diz Peixoto Neto.
2. Diversifique
Atualmente, há um extenso leque de opções de investimentos no mercado brasileiro. Para Peixoto Neto é muito importante pulverizar suas aplicações em diferentes modalidades e produtos, pois isso diminui a exposição a riscos específicos. Por exemplo, se você coloca todo seu dinheiro nas ações de uma única empresa, pode ter um grande prejuízo caso ocorra algum evento significativo que a envolva, como um acidente ambiental; ou, ainda, caso as estratégias dessa empresa levem a um desempenho ruim.
“Às vezes o investidor se empolga com um tipo de investimento porque dá um alto retorno e ele concentra, o que pode dar um problema no futuro. Por isso, nunca se deve colocar todos os ’ovos’ em uma cesta”, afirma João. “De acordo com seu perfil de investidor, ele pode diversificar entre vários fundos que têm rentabilidade parecida e riscos semelhantes. Então, se ele pode diversificar o capital em dez fundos com boa rentabilidade, não convém que ele concentre todo o dinheiro em um único fundo”.
3. Fuja dos bancos
O gerente do banco não é o parceiro ideal na hora de procurar bons investimentos, segundo Peixoto Neto. Para o diretor de risco e compliance, as fintechs – empresas financeiras de base tecnológica – oferecem muito mais opções do que os bancos, com melhores condições e atendimento mais personalizado.
“O investidor encontra taxas melhores fora dos bancos. As fintechs têm operações mais enxutas, custos menores e uma proximidade maior com o investidor. O banco possui uma estrutura muito grande, do ponto de vista regulatório, e, por tradição, você vê que as agências brasileiras são luxuosas. Existe uma série de custos que não existem nas fintechs, até na área tributária”.
4. Escolha bem a gestora
Escolhido o tipo de investimento desejado, o próximo passo é conhecer bem quem irá gerir seus recursos. O desempenho de um fundo de investimento, por exemplo, depende diretamente de onde o gestor desse fundo aloca os recursos.
“Há gestores que simplesmente distribuem os investimentos, da mesma forma que um investidor não muito instruído faz, buscando apenas altos retornos, sem entender muito bem do produto. Isso, no nosso tipo de atuação, faz uma grande diferença”, diz Peixoto Neto.
5. Fique atento à liquidez
As escolhas dos investidores normalmente levam em conta apenas rentabilidade e risco. Mas é importante, também, ficar atento à liquidez do investimento, isto é, em quanto tempo é possível resgatar seus recursos em caso de necessidade. E quais os prejuízos associados a um resgate precoce.
Por isso, caso haja possibilidade de precisar do recurso investido para uma emergência, por exemplo, é necessário buscar produtos com alta liquidez. E optar por gestores de recursos com solidez e credibilidade.
“Existem gestoras de investimentos que operam sem uma preocupação muito grande com a liquidez. Não adianta oferecer para o investidor um produto com resgate em um curto espaço de tempo, se a gestora investiu os recursos em papéis que só vão dar retorno muito tempo depois. Esse descasamento é comum e não é grave quando não há uma crise. Mas, quando há uma crise, isso vira um grande problema”, completa.