NFC

Visa implanta transferências de recursos em tempo real, 24 horas por dia

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Uma nova forma de transferir dinheiro chegará ao Brasil ainda neste primeiro trimestre, em projeto desenvolvido pela empresa de meios de pagamentos Visa. É o sistema de pagamento person to person (P2P), que procura evitar o uso de dinheiro em papel ou a necessidade de realizar um TED (Transferência Eletrônica Disponível) ou DOC (Documento de Ordem de Crédito).

O P2P vem para ser uma alternativa ao sistema utilizado atualmente, que é o de “push”, em que a transferência é feita “pegando” da conta e transferindo para outra. No P2P, ao contrário, o dinheiro é “empurrado” para outra conta. Assim, o pagamento entre pessoas poderá ser realizado a qualquer momento do dia, uma vantagem em relação ao DOC ou ao TED, em que é preciso esperar o dinheiro “cair” na conta.

Esse sistema facilitará, por exemplo, o pagamento de reembolso de seguros e despesas médicas. Mas também pode ser usado como forma de enviar uma bonificação por um serviço ou restituir uma cobrança indevida, como conta Olivia Aki, diretora de Produtos e Soluções da Visa.

“O exemplo que eu dou é o de cancelamento ou atraso de voo. Quando isso acontece, geralmente a companhia entrega um voucher para os passageiros, como um vale-almoço. Aí a pessoa vai no restaurante, toda a aeronave vai para o mesmo restaurante. E se essa companhia aérea, ao invés de entregar um voucher, em papel, dando uma única opção para esse passageiro, entregasse como um valor, no mesmo valor que a pessoa fez o pagamento da passagem? Aí ele vai decidir o que fazer, se vai comer ou gastar na viagem. É uma conveniência como essa que é a vantagem”. 

A seguir, conheça outras tecnologias com potencial para dar mais eficiência ao ecossistema bancário no Brasil:

Pagamento NFC 

Você já deve ter visto alguém pagar uma conta com um cartão por aproximação, mas você sabia que existem também relógios e até anéis que fazem o mesmo? Esses dispositivos, que estão conectados à sua conta no banco, recebem uma autorização, chamada de tolken, que dá permissão para eles realizarem pagamentos e compras pelo sistema NFC (Near Field Comunication, ou, simplificando, por aproximação).

Esse sistema funciona também para assinaturas digitais e, se seu cartão já foi trocado, você sabe como é difícil ter de colocar o novo número em todas as suas contas. Mas com essa “credencial”, não existe esse problema.

“Por exemplo, vamos supor que você tem uma assinatura de algum serviço recorrente como transporte ou streaming. Quando o seu cartão expira ou é roubado, você precisaria atualizar todos os dados e todo o cadastro com as informações do novo cartão. Com a tolkenização, isso não aconteceria. Uma credencial de pagamento é gerada para cada estabelecimento comercial e o consumidor não precisa mais atualizar os dados do plástico”, conta Percival Jatobá, vice-presidente de Soluções e Inovação da Visa do Brasil.

Esse sistema ajuda a evitar fraudes porque a “credencial” só permite que os pagamentos determinados pelo dono sejam realizados, impedindo a clonagem para outros débitos. Segundo dados da Visanet, com a tolkenização, o número de transações fraudulentas foi reduzido em 20% nos três primeiros meses de 2019. Do lado dos vendedores, as vendas aumentaram em 30%. 

Como o sistema garante segurança?

Sempre que surgem novas tecnologias, em especial as que mexem com seu dinheiro, a principal preocupação é com fraudes, como clonagem de cartão e pagamentos indevidos. O sistema de “autorização”, quando é colocada uma senha para executar uma operação, já não condiz mais com os novos tempos. Em vez disso, a segurança caminha na direção da “autenticação”, em que o consumidor confirma que é ele mesmo. 

“Já existem sistemas de reconhecimento facial que, para ele reconhecer, você precisa piscar. Isso evita que alguém coloque uma foto para ter acesso à sua conta”, diz Juliano Manrique, diretor de produtos, soluções de risco e inovação da Visa. E existem as mais variadas autenticações possíveis: por biometria, reconhecimento de voz ou por retina.

Uma outra pesquisa da Panorama Mobile Time/Opinion Box, de novembro de 2019, mostra que, de 2018 para 2019, o número de pessoas que desbloqueia seu smartphone por leitura de digital saltou de 27% para 43%. Se somados a esses os usuários que fazem o desbloqueio por leitura de íris (1%) e por reconhecimento facial (5%), chega-se ao total de 49% das pessoas que já estão familiarizadas com esse sistema.

Coincidentemente, o meio que os brasileiros consideram menos seguro para proteger seus dados é o de senhas (37%) e o mais seguro, pela leitura de digitais (39%).

Avaliação de risco

Mesmo com essa segurança reforçada, as instituições financeiras fazem uma avaliação de risco baseada no padrão de consumo do cliente. Assim, mesmo que o sistema de “autenticação” esteja sendo utilizado, será necessário uma “autorização” para que a operação seja validada. 

Todo esse método é chamado de 3D – Security, porque envolve três etapas de validação: a autenticação do portador do cartão, o comerciante, que confirma a ação, e a autorização que efetiva a compra. Mesmo sendo um sistema novo no Brasil, ele já é adotado por instituições como Banco do Brasil, Santander, Porto Seguro, Caixa e Digio.

Diversas tecnologias têm aparecido para facilitar a vida do consumidor. Na área financeira, as fintechs, que apresentam menor custo operacional e prometem maior eficiência, chegaram para competir com os bancos tradicionais, seja por meio de contas totalmente digitais, taxas de administração reduzidas, cartões temporários ou dispositivos de aproximação.

Espaço para crescer no Brasil

Mais comuns em países do primeiro mundo, essas novidades tecnológicas aplicadas em serviços bancários ainda estão em seu início no Brasil. Uma pesquisa realizada em setembro de 2019 pela Panorama Mobile Time/Opinion Box mostrou que 17% dos internautas brasileiros que têm smartphones já fizeram uma compra contactless, ou seja, por aproximação. Para efeito de comparação, na Austrália, por exemplo, 90% dos aparelhos e cartões estão habilitados para esse tipo de transação.

Apesar disso, o Brasil registrou um aumento de 300% nas transações tokenizadas, que é um sistema de segurança para esse tipo de pagamento contactless, no primeiro semestre deste ano em relação ao acumulado de todo o ano passado, segundo dados da Visanet. Ou seja, o mercado vem crescendo para esse tipo de tecnologia no país.

As informações da Visa contidas nesta reportagem foram divulgadas em evento na sede da empresa no dia 24 de janeiro deste ano.