Selic

Selic cai para 3,75% ao ano. Como ficam seus investimentos?

Selic cai para 3,75% ao ano. Como ficam seus investimentos?

Nesta quarta-feira (18), o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu reduzir a Selic, a taxa básica de juros, em 0,5%. Antes, ela já estava em sua mínima histórica, a 4,25% ao ano, e agora renova o recorde a 3,75%. 

Se a Selic lá embaixo empurrou quem estava na renda fixa para uma busca de maiores rendimentos na renda variável antes, a situação agora é outra. Com a crise do coronavírus e os mercados em pânico, os investimentos atrelados à taxa de juros são um porto seguro. 

“Embora possam parecer não tão atrativos agora, o cenário muda muito”, explica William Teixeira, sócio da Messem Investimentos. William Teixeira, sócio da Messem Investimentos. “Ter parte dos recursos em títulos do governo, por exemplo, faz parte de uma carteira balanceada”. 

O momento não está para mudanças bruscas, mas, para aumentar a lucratividade, o mercado de ações pode ficar com outra fatia dos investimentos, sempre com cautela, afirma Aline Malinowski, assessora na Criteria Investimentos.

 “Grande parte da queda da bolsa que estamos observando é especulação e o pacote econômico apresentado pelo governo pode acalmar os investidores”, diz. 

Se a opção for por aproveitar os baixos preços das ações agora, há alguns setores que devem ser evitados. “Companhias aéreas, varejistas, petrolíferas e commodities são papéis muito suscetíveis no momento”, lembra Aline. 

Mas, afinal, por que a Selic caiu?

O Banco Central já tinha sinalizado que o ciclo de redução da taxa de juros havia acabado, mas a pandemia do COVID-19 pegou todos de surpresa. Para tentar conter os estragos econômicos, o Federal Reserve, banco central norte-americano, cortou suas taxas a quase zero, iniciando um movimento global nesse sentido. 

selic

No entanto, para Paulo Nepomuceno, estrategista de renda fixa da Coinvalores Corretora, a estratégia não é vencedora. “Os efeitos da política monetária hoje são pequenos”, afirma. “Com a crise que estamos vivendo, o choque vai vir na parte da oferta, com um monte de empresas parando”. 

Para o especialista, o corte nos juros e as medidas anunciadas não serão o suficiente para reativar a economia do país em meio ao furacão que vivemos. “O ajuste da política fiscal, cujas pautas estão paradas no Congresso, seriam a verdadeira solução”. 

Câmbio

Com a Selic mais baixa e menos atrativa, a suposição é que os investidores desloquem o capital dos emergentes para países mais seguros, como os Estados Unidos, impactando o câmbio. No entanto, o corte pelo Copom deve ter pouco impacto na alta do dólar, segundo William Teixeira. 

“O movimento de apreciação da moeda norte-americana tem pouco a ver com a taxa de juros, mas sim com a aversão ao risco”, explica o sócio da Messem. “Os países com maior credibilidades perante os investidores estão com taxas pequenas também”.