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Apesar de Selic baixa, renda fixa ainda é bom negócio, diz XP

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Em live pela manhã, as economistas da XP Investimentos, Rachel de Sá, da Assessoria Exclusiva, e Camilla Dolle, Analista de Renda Fixa da consultora, avaliaram as perspectivas da renda fixa para o investidor. Principalmente após abertura da curva de juros futuros e queda na taxa média de juros, a Selic aprovada pelo Copom na última quarta-feira (18). O conselho cortou os juros em 0,5 pontos percentuais, cotados agora a 3,75% a.a..

As especialistas comentam que, apesar do nome, a renda fixa também sofre variações de acordo com o andamento da economia. Os riscos em evidência para esses papéis, em meio à crise de coronavírus, são de mercado e de crédito.

O risco de mercado vê o impacto das variações na curva de juros e expectativas de inflação, o que impacta o preço dos títulos. “Existe uma relação inversa entre juros e preço dos títulos”, explica Camilla. Em momentos de incerteza, o mercado tem expectativas dos juros futuros mais altos, na chamada “abertura de curva”.

Já o risco de crédito representa o risco de empresas, países ou bancos quebrarem. Quanto mais alto, mais desvalorizados são os títulos.

Para as economistas, é um efeito cíclico que justifica o movimento de queda dos ativos. “Muitos investidores fazem resgate, seja por pânico, seja pela busca de ativos de risco. E gestores vendem os papéis, que desvalorizam, além do spread alto.”

Além disso, Camilla destaca estudo da XP que mostra que carteiras diversificadas, que incluam renda fixa, tiveram perdas menores entre o início do ano e 9 de março do que quem só aplica em variável. “Mesmo para perfis agressivos, ainda vale a pena, porque investimentos conservadores ocupam pouca parte da carteira”, diz. Ela define os títulos conservadores como “um amortecedor” em comparação a papéis mais arriscados, que protege a carteira de riscos inesperados, como a crise da Covid-19.

Renda fixa ainda é investimento

Para Camilla, analista de renda fixa na XP, os papéis do tesouro direto ainda são importantes como forma de proteção na carteira. Apesar de renderem pouco no momento – a rentabilidade segue a taxa Selic, que está a 3,75% a.a. – ela indica usá-los, inclusive, como reserva de emergência. “O papel representa liquidez e segurança, não possui a volatilidade dos papeis pré-fixados ou indexados ao Índice de Preços no Consumidor (IPCA)”. diz.

Os tesouros pré e indexados à inflação (IPCA) tem efeito da marcação do mercado. Ou seja, diariamente refletem condições atuais das negociações. Por isso, com a abertura da curva de juros, os papéis desses investimentos desvalorizam.

Mas isso não é motivo para pânico, porque a queda no valor não significa que o cotista perdeu dinheiro – isso só acontece se vender o papel antes do vencimento. A economista destaca que, ao levar o ativo até o final, é recebido o que foi contratado.

“É preciso prestar atenção na condição corrente do mercado, que pode ser desvalorização ou aumento preço do título”, complementa.

A abertura da curva é vantajosa para quem pensa em comprar mais ativos de renda fixa agora, já que os papéis estão mais baratos e oferecendo rentabilidade maior que semanas atrás.

“Ativos indexados ao IPCA protegem da inflação e se tem rentabilidade real no momento em que aplica”, exemplifica a economista.

“Em relação a pré, tem boas opções: alguns ativos caros entregam rentabilidades bem fixadas, e aumentaram com a abertura dos spreads”, complementa. “Inclusive, hoje se consegue com prazos mais curtos, já que o risco aumentou, emissores pagam mais, mesmo em prazos reduzidos. Pode ser interessante.”