Ninguém se preparou para a crise econômica causada pela pandemia do novo coronavírus. Mas alguns países vão sair mais rápido dela. É o caso, por exemplo, dos Estados Unidos: o país já vinha crescendo e vem aprovando grandes pacotes para sustentar a economia. Só na última quinta-feira (09), o Federal Reserve liberou US$ 2,3 trilhões para pequenas e médias empresas.
As notícias não são boas apenas para o cenário macroeconômico do país, mas também para quem pensa em investir nos EUA. “A retomada do crescimento por lá vai ser muito mais fácil”, afirma Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos. “Lá, os estímulos são aprovados com facilidade, há menos burocracias, menos dívidas e o desemprego vai ser menor que na Europa, por exemplo”.
Os índices acionários dos Estados Unidos também sofreram, como todos os outros, mas, para os investidores moderados e agressivos, são uma opção atraente, que tem potencial de alta de 25%, segundo Rodrigo. “Há também o crédito privado, os commercial papers, que dão acesso a empresas de primeira linha”.
“Outra ótima oportunidade de compra é o mercado imobiliário”, lembra Carlo Barbieri, presidente do grupo Oxford, consultoria financeira nos EUA. “O governo está trabalhando em refazer a capacidade de compra de imóvel próprio, ao contrário do que aconteceu em 2008”.
Para Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, a economia norte-americana deve mostrar recuperação já no começo de 2021. “É uma possibilidade para os investidores que estão preocupados com uma retomada mais rápida”.
Já se o horizonte é maior, o Brasil pode ser uma opção mais interessante: enquanto os desenvolvidos mantém um ritmo de crescimento estável, os países emergentes têm mais espaço para crescer. “É o que atrai o investidor estrangeiro para cá”, explica Cruz. “As nações em desenvolvimento demoram mais para corrigir distorções, mas têm uma ladeira maior para subir”.
Para todos os momentos
A situação fiscal do Brasil, já difícil antes da crise do coronavírus, se agrava para o ano de 2020, pelo menos, com as novas despesas assumidas pelo governo. “Temos uma dívida em relação ao PIB bastante problemática”, diz Franchini. “Como vamos estimular a economia sem dinheiro no caixa?”.
Nestes momentos, a importância da carteira diversificada fica evidente. “É sempre bom apostar no exterior, para moderados e agressivos, como maneira de não deixar todos os ovos na mesma cesta”, diz Gustavo Cruz. “Num ano em que um país for mal, você tem outras nações no portfólio”.
Os cuidados ao alocar no exterior ficam concentrados, principalmente, na relação cambial. O atual patamar do dólar exige mais capital para investir — e ele não vai ficar assim para sempre, segundo Rodrigo Franchini, podendo ameaçar os retornos. “O ideal é fazer um hedge cambial ou contar com um gestor que tome esse cuidado”, afirma.