Dividendos

Em meio à crise, priorizar dividendos é estratégia para longo prazo

Em meio à crise, priorizar dividendos é estratégia para longo prazo

Se tem uma coisa que sabemos sobre as crises é que todas elas têm um fim. Enquanto não chegamos ao último capítulo do coronavírus, onde os investidores podem se abrigar da tormenta? “Pensar em dividendos é pensar no longo prazo, sempre”, explica Daniel Herrera, analista da Toro Investimentos. “O cuidado agora é entender os impactos do momento na operação das empresas”. 

Com a pandemia do novo coronavírus, algumas companhias são mais duramente afetadas e, por isso, o pagamento de dividendos pode sofrer alterações. “Quem tem fluxo de caixa comprometido, pode repensar a distribuição de proventos”, explica o especialista. É o caso de empresas do varejo, com menor infraestrutura no e-commerce, por exemplo, que tiveram que fechar suas portas com o isolamento social. 

Petrobras, Fleury, Lojas Renner e EDP do Brasil também alteraram sua política de dividendos. Os bancos, por decisão do CMN (Comitê Monetário Nacional), mudaram as regras para a distribuição, que só será paga acima do mínimo obrigatório em setembro.

Leia mais: Bancos lideraram distribuição de dividendos em 2019, com R$ 60 bi

Nesse caso, procure setores estáveis, como setor elétrico”, aponta Herrera. “Eles têm as receitas bastante previsíveis, por conta do contrato de produção e distribuição”. O setor bancário, apesar da interrupção temporária, também tem grande capacidade de se reinventar em crises, afirma o analista.

Dividend yield

Um múltiplo muito utilizado para avaliar a distribuição de dividendos é o dividend yield. Mas não deve ser o único, alerta Daniel Herrera. “Ele não é um fim em si mesmo, mas sim uma foto do passado, que relaciona os proventos com o preço da ação”.

No ranking dos maiores dividend yields em abril, por exemplo, a Smiles encabeça a lista — mas porque os papéis do setor aéreo despencaram com a crise do covid-19. 

“O ideal é aliar um bom D/Y com a robustez da companhia”, explica o especialista. “Principalmente agora, que temos meses incertos pela frente, o nível do caixa para arcar com dívidas é fundamental”.