Nesta quarta-feira (06), o Copom (Comitê de Política Monetária) cortou novamente a Selic, a taxa básica de juros: antes a 3,75% ao ano, ela vai agora para 3%, no menor nível da história. A redução, que veio dentro das expectativas do mercado, não deixa dúvida: a queda nos juros é estrutural e deixa para trás os dias de alta rentabilidade na renda fixa.
“Mas a renda variável não é a única maneira de aumentar riscos e ganhos”, diz Luís Bento, analista da Rio Bravo. “Os mais conservadores podem ir para o crédito, títulos governamentais ou fundos imobiliários”.
O mercado imobiliário também pode ser um destino para os investidores machucados com a turbulência na bolsa e insatisfeitos com os rendimentos pequenos na renda fixa. “O porto seguro é o imóvel residencial, já que os escritórios também vêm sofrendo com a desocupação do isolamento social”, afirma Paulo Petrassi, sócio-gestor da Leme Investimentos.
Recuperação ainda longe
Assim como outros autoridades monetárias ao redor do mundo, o BC estendeu o ciclo de corte dos juros. O objetivo é promover mais liquidez em meio à pandemia de coronavírus.
“Não depende só da política monetária, mas ela ajuda”, diz Simone Pasianotto, economista-chefe da Reag Investimentos. “E esse instrumento está se esgotando”. A especialista lembra que as medidas de injeção de liquidez dependem de outros agentes além do BC. “É preciso levar em conta o racionamento de crédito e os spreads bancários”.
Além disso, a dificuldade da retomada econômica do país pós-pandemia esbarra em outras questões, mais estruturais. “Se nada acontecer em relação às reformas, como a tributária, o Banco Central pode ter que voltar a subir os juros”, afirma Paulo Petrassi. O ano que vem também promete intensificação dos problemas fiscais — o déficit para esse ano já é esperado na casa dos 10%.
“O que preocupa é a discussão de ferramentas que funcionam bem em países desenvolvidos, como a impressão de moeda, que não funcionam para o nós agora”, defende Luís Bento. Para o analista, ainda são necessárias medidas como a garantia do Tesouro para empréstimos, de maneira a garantir o fluxo de crédito.
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