Por Gabriel Codas, da Investing.com – A elétrica Eneva (SA:ENEV3) informou nesta quinta-feira que fará nova proposta em torno de R$ 7,5 bilhões para incorporar a AES Tietê (SA:TIET11), em uma operação envolvendo ações e dinheiro, desde que tenha apoio do BNDESPar, maior acionista da geradora que também tem como sócio o grupo norte-americano AES.
As ações da companhia operam com perdas importantes nesta sexta-feira, recuando respectivamente 4,49% a R$ 49,83 e 4,91% a R$ 16,27 por volta das 10h41. Apesar de ser um dia de sentimento de aversão a risco nos mercados, o desempenho é pior do que o do Ibovespa hoje. O principal índice acionário brasileiro subia 0,02% a 102.361 pontos.
A oferta ocorre após o braço de participações do BNDES, dono de 28,4% da AES Tietê e de 14% do capital votante, ter contratado assessor financeiro para buscar interessados na aquisição de sua fatia na geradora. Mas a Eneva quer levar a empresa toda.
“Acreditamos que a nossa proposta seja a melhor. Sendo a melhor proposta que o BNDES recebe, aí colocaremos para a administração da AES”, disse o diretor financeiro da Eneva, Marcelo Habibe, à Reuters.
Segundo ele, o banco ficaria com 8,3% da nova companhia. “Ele vai botar um pedaço de dinheiro no bolso, e uma quantidade de ações da Eneva.”
Visão dos analistas
Em nota enviada a clientes, a XP Investimentos destaca que com base nos termos da nova proposta de fusão apresentada pela Eneva, a estimativa é de um potencial de ganho de 10,4% para as units da AES Tietê, com base nos preços de fechamento de TIET11 e ENEV3 em 23 de julho de 2020. Os analistas apresentaram também a fórmula implícita para se verificar a existência de arbitragens entre os preços dos dois ativos enquanto a proposta de fusão estiver mantida.
Para a equipe, em primeiro lugar, a nova proposta de fusão da Eneva com a AES Tietê sinaliza um potencial de ganho em relação ao preço atual de TIET11, e apresenta condições mais atrativas que a proposta anterior.
Entretanto, a visão é que seria mais interessante aos acionistas minoritários da AES Tietê que uma nova proposta de fusão previsse uma parcela maior de pagamento em caixa, ou condições de direito de retirada para investidores que porventura não desejem ser acionistas da “Nova Empresa” resultante da fusão.
Além disso, acredita que é necessária uma clareza maior sobre o mérito estratégico e a existência de fato de sinergias com a fusão.
Reação à nova proposta
O BNDESPar deve rejeitar a proposta da Eneva devido à elevada participação em ações, de acordo com o jornal Valor Econômico. O braço de ações do BNDES ainda ficaria com 8,3% de participação na nova empresa, divergindo do objetivo inicial de desinvestimento total.
De acordo com a Bloomberg, o BNDESPar deve aceitar a proposta da controladora da AES Tietê, a AES Corp (NYSE:AES)., que detém atualmente 62% das ações da elétrica brasileira e tem interesse em adquirir a participação do BNDESPar. A AES Corpo apenas colocaria dinheiro na operação, que entra de acordo com os planos de desinvestimento do BNDESPar.
Este é o novo capítulo envolvendo Eneva e AES Tietê. Em abril, a Eneva já havia apresentado uma oferta de R$ 6,68 bilhões em dinheiro e ações para adquirir a AES Tietê. A proposta foi recusada pela AES Corp.