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Reunião de Bolsonaro e Guedes afeta desempenho do Ibovespa; veja detalhes

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Por Leandro Manzoni, da Investing.com – O Ibovespa aprofundou as perdas e o dólar acelerou a alta do dia com a reunião entre o presidente Jair Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes, que já constava na agenda do dia de ambos às 15h30.

A tensão com o encontro é devido ao aumento da pressão sobre o ministro da Economia para diminuir a rigidez sobre controle gastos e encontrar espaço no orçamento para aumentar investimentos em infraestrutura e benefícios sociais. Inclusive, especula-se sobre a saída de Guedes no governo.

Por volta das 15h51, o Ibovespa recuava 2,49% a 98.829 pontos, com mínima em 98.622 pontos, enquanto o dólar acelerava 1,70% a R$ 5,5134, máxima do dia.

O recuo do Ibovespa vai na contramão dos índices de Wall Street, com exceção de Dow Jones, que caía 0,22%. S&P 500 e Nasdaq avançavam, respectivamente, 0,37% e 1,06%. Além disso, o índice dólar operava em queda de 0,25% a 92,86 contra a média ponderada de seis divisas de economias desenvolvidas – menor patamar desde 2018.

Apesar de moedas pares do real também se encontrarem desvalorização na atual sessão, a intensidade da valorização do dólar frente a elas é menor comparada ao real, ganhando 0,78% sobre o peso mexicano, 0,68% sobre o rand sul-africano e 0,30% sobre a lira turca. Já a moeda americana se desvalorizava 0,48% frente ao dólar australiano, outra moeda par do real.

A reunião vem na esteira da saída do subsecretário de Política Macroeconômico Vladimir Kuhl Teles, dando continuidade à “debandada”, termo cunhado pelo próprio Guedes ao falar da saída de Salim Mattar, Paulo Uebel e José Ziebarth na semana passada em meio a saída de outros nomes importantes, como Mansueto Almeida, Caio Megale e Marco Troyo. O Ministério da Economia afirma que a saída de Teles está relacionada a um caso de doença na família.

De acordo com a consultoria política Arko Advice, fontes afirmam que a reunião vai tratar da reforma tributária. Guedes deve apresentar os próximos passos da proposta da equipe econômica, como a desoneração da folha de pagamentos para setores da economia. Além disso, a reforma Administrativa pode ser tratada, para elaborar um plano de ação.

Contexto

A incerteza sobre a permanência de Guedes no governo eleva o risco fiscal já agravado pela queda da arrecadação e elevação dos gastos públicos em meio à pandemia. Além disso, o ministro sofre pressão de alas do governo e, segundo relatos da imprensa, do presidente Jair Bolsonaro para que o ministro da Economia Paulo Guedes encontre uma solução para elevar os gastos em investimentos em infraestrutura e benefícios sociais. A pressão subiu após o Datafolha apontar popularidade recorde de Bolsonaro em seu mandato após diminuição de rejeição entre os setores de menor renda da população, que foram beneficiados pelo auxílio emergencial mensal de R$ 600, confirmada hoje pela pesquisa XP/Ipespe.

No entanto, as fontes consultas pela Arko Advice dizem que são infundados os rumores da saída de Guedes do governo, ressaltando o alinhamento entre o ministro e o presidente.

O que os investidores acham sobre o futuro do teto de gastos?

Os investidores começam a monitorar e precificar eventual flexibilização ou fim da emenda constitucional que instituiu o teto de gastos públicos, que prevê elevação do uso de recursos públicos apenas com a variação inflacionária do ano anterior.

A maioria dos investidores institucionais consultados em pesquisa da XP Investimentos, divulgada na última sexta-feira, avalia que o teto de gastos será ajustado de alguma forma para permitir gastos adicionais em 2021 e entende que esse cenário é compatível com deterioração nos preços dos ativos financeiros domésticos.

De acordo com a sondagem, divulgada nesta sexta-feira, dos 72 investidores ouvidos em 13 e 14 de agosto, 53% projetam que a regra do teto será alterada para incorporar novas despesas, enquanto 14% apostam que o teto será simplesmente descumprido no ano que vem. Apenas 33% esperam cumprimento da regra fiscal.

Entre os 67% dos respondentes que esperam descumprimento do teto ou alteração dele, a expectativa média é que as despesas adicionais somem 54 bilhões de reais. Os economistas, consultores e gestores de ativos consultados avaliam que a flexibilização do teto geraria depreciação cambial, queda do Ibovespa e alta dos juros futuros.

O presidente Jair Bolsonaro tem jurado obediência à regra fiscal, mas na quinta-feira reconheceu que o governo discutiu internamente a possibilidade de furar o teto, acrescentando que a intenção seria arranjar recursos para obras no Nordeste.

A sondagem da XP mostrou, ainda, que 83% dos investidores ouvidos esperam que o auxílio emergencial do governo, previsto para acabar este mês, seja estendido, mas fique limitado a 2020, enquanto 15% acham que a ajuda será estendida para o ano que vem. Pelas regras em vigor, o auxílio não afeta a regra do teto neste ano, quando vigora estado de calamidade decretado pelo Congresso.

(Com contribuição de Reuters)