No final da tarde desta quarta-feira (28), o Banco Central (BC) manteve a taxa básica de juros, a Selic, em 2% ao ano. A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) foi unânime; a manutenção da mínima histórica estava dentro das expectativas do mercado e já havia sido sinalizada em atas de reuniões anteriores.
Gustavo Bertotti, economista da Messem Investimentos, avalia que o cenário de recessão causado pela covid-19 é um dos fatores que favorecem a manutenção da Selic em 2% ao ano. Ele ressalta que o aumento no preço dos alimentos causa um choque primário na inflação, porém, não o suficiente para o aumento de juros no curto prazo.
Os economistas consultados para a última edição do Boletim Focus, divulgada na segunda-feira (26), elevaram a estimativa da inflação de 2,65% para 2,99%. Há cerca de um mês, o mercado apostava que o índice encerraria 2020 em 2,05%.
Segundo Bertotti, a expectativa é de que a taxa possa subir para 2,75% em 2021. “Isso dependerá dos dados da inflação e atividade econômica. De todo modo, mesmo que ocorra, essa elevação dos juros para 2021, não deverá afastar os investidores, visto que o país continua extremamente atrativo para o mercado internacional”, conclui o economista.
A mínima histórica da Selic tem contribuído para a retomada da economia brasileira. Diego Villar, CEO da Moura Dubex, incorporadora que atua no Nordeste, identifica essa retomada no setor imobiliário. “O valor das nossas vendas no terceiro trimestre de 2020 apresentou crescimento de 264,4% em relação a igual período de 2019 e 210,9% ante os três meses anteriores”.