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Seu investimento é ESG mesmo? Um guia prático de como verificar

Seu investimento é ESG mesmo? Um guia prático de como verificar

Você já deve ter ouvido falar que a pandemia acelerou diversos processos. Um deles com certeza foi a popularização da sigla ESG (environmental, social and governance, na sigla em inglês) no mundo dos investimentos. Depois que a norte-americana BlackRock, uma das maiores gestoras do mundo, afirmou que priorizaria esse tipo de investimento, foi só o começo da onda.

De lá pra cá, as opções ESG cresceram também no mercado brasileiro, ainda menos desenvolvido que o internacional. Mas, como saber quais são de fato comprometidos com as causas ambientais e sociais? Como identificar possíveis greenwashings nas aplicações? Enquanto muitas empresas ainda não fazem relatórios de sustentabilidade, os ratings de práticas sociais, ambientais e de governança não são informações abertas ao grande público.

“Ainda inexiste um padrão universal, uma regulamentação para a divulgação das empresas em relação ao critérios ESG”, explica Marcella Ungaretti, analista da XP Investimentos para a área. Assim, as certificações e índices que se ocupam de medir a sustentabilidade dos investimentos têm metodologias muito diferentes e podem confundir investidores. 

Prova disso foi o anúncio recente da B3, a bolsa brasileira, sobre o ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial). Os critérios para participação do grupo devem ser atualizados para ficarem mais próximos dos moldes internacionais.

Um dos mais conhecidos é a rede PRI (Principles for Responsible Investment, princípios para investimento responsável, em tradução livre). “São mais de 2400 empresas signatárias ao redor do mundo, com US$ 84 trilhões em ativos sob gestão”, lembra Vitor Bidetti, CEO da gestora Integral BREI, que tem fundos direcionados para melhores práticas ambientais.

Para quem quer investimentos ESG, procurar emissores comprometidos com essa rede, por exemplo, é uma opção. No caso de debêntures, quem garante se os green bonds são realmente “verdes” são empresas de auditoria independentes, como a SITAWI. “Além do relatório da emissão, essas companhias acompanham os fundos e títulos periodicamente, assegurando o caráter ESG”, complementa Vitor. 

Outra referência para investidores nas garantias ESG é o índice MSCI KLB 400, como lembra Carlos Eduardo Pinheiro Corrêa, head de produtos da Speed Invest. “Além de acompanhar as empresas comprometidas com esses valores, faz a exclusão das que têm impactos negativos”, diz.

Algumas plataformas também trazem selos para identificar os fundos de investimentos ESG, como a Órama, que utiliza abordagens do GSIA (Aliança Global de Investimentos Responsáveis, na sigla em inglês). “O olhar da GSIA é amplo e avalia questões de vão desde o uso de energia limpa até impactos de engajamento e inclusão nas empresas e em suas práticas de investimentos”, explica Sandra Blanco, estrategista-chefe da corretora. 

Um ESG, várias estratégias

O universo de investimentos sustentáveis guarda mais do que uma estratégia. São pelo menos seis maneiras de incluir os critérios ESG em sua análise de investimentos, segundo Marcella Ungaretti. Uma não exclui a outra: pelo contrário, combiná-las pode dar certo também em termos de rentabilidade. 

“Para o pequeno investidor, aliar a estratégia de filtro negativo com a best in class é uma forma de alinhar as aplicações aos seus princípios”, indica. 

A primeira consiste excluir empresas ou setores fora do ESG: o exemplo clássico é a indústria de armamentos. Já a segunda ensina a selecionar, dentro de um setor, a companhia com as melhores práticas. Nessa tarefa, a especialista lembra do certificado de empresa B. O selo global destaca companhias que atendem a certos critérios de transparência e responsabilidade social e ambiental. 

Outra estratégia é integrar os padrões ESG na análise financeira, incorporando todos os fatores na decisão. O investidor ainda pode selecionar empresas de impacto, cuja atividade principal é a resolução de problemas ambientais e/ou sociais.

“Também há o engajamento corporativo, chamado de ativismo acionário”, conta Marcella. Nessa estratégia, grandes gestoras, por exemplo, usam sua grande quantidade de ações para influenciar, direcionar e pressionar empresas por práticas ESG.