Arrisco dizer que a compra de um imóvel é o sonho de todo brasileiro, mas é preciso lembrar que não vivemos em um país com estabilidade econômica e política permanente. Os ciclos de aquecimento e desaquecimento da economia impactam nosso custo de vida, nosso salário, a rentabilidade dos nossos investimentos, a valorização ou desvalorização dos imóveis.
É justamente por isso que precisamos tomar alguns cuidados antes de fazer uma dívida pelas próximas décadas. Para ajudar você nessa aquisição tão importante, separei aqui 3 pontos que são essenciais para a sua análise:
1 – Calcule quanto o seu novo estilo de vida irá custar
Vamos supor que a prestação do seu imóvel seja o equivalente a 30% da sua receita familiar total. Isso quer dizer que, se você e seu cônjuge ganham, juntos, R$ 15 mil reais mensais, cerca de R$ 4.500,00 serão destinados à parcela do imóvel. Assim, a família deverá viver com R$ 10.500,00 reais por mês.
Para entender o impacto dessa prestação no seu estilo de vida, faça a seguinte simulação: transfira para um investimento, pelos próximos três meses, o valor da parcela que você pagaria pelo financiamento. Ao final desse prazo, você já terá uma ideia do peso da parcela no seu dia a dia.
Essa é a melhor forma de você sentir a aquisição "na pele", sem precisar arriscar a sua saúde financeira de verdade.
2 – Entenda que os custos não se resumirão ao valor da parcela
Você simulou o passo anterior e descobriu que consegue pagar a parcela do financiamento imobiliário de longo prazo? Fico feliz por você, mas você precisa lembrar dos custos extras.
Para um casal jovem, sem filhos, comprometer 30% da sua receita pelos próximos 10, 20 ou 30 anos talvez não tenha um impacto tão negativo. Mas e se (ou quando) os filhos vierem? E se (ou quando) algum dos pais desse jovem casal se tornar um dependente financeiro? E quando a casa precisar passar por reformas, sejam necessárias ou apenas desejadas?
Além do comprometimento da renda com o financiamento, é preciso lembrar do comprometimento gerado pelas despesas logo após a entrega do imóvel, como mudança, escritura, transferências e cartórios, pisos, armários e rateios iniciais inerentes à entrega do empreendimento.
Como despesas recorrentes, é preciso lembrar da taxa de condomínio, IPTU e despesas de consumo como água, energia, internet e gás.
3 – Financie o menor valor possível
Os bancos não financiam 100% do imóvel. O sistema Taxa Fixa da CEF anunciou recentemente que financia até 80% do valor do imóvel e é a opção com maior percentual oferecida pela instituição.
Vamos supor que você dê 20% de entrada em um imóvel de R$ 350.000,00. Isso significa R$ 70.000,00 de entrada e R$ 280.000,00 de financiamento — ou seja, seu valor de entrada é considerado baixo.
O que nem sempre é divulgado e diz respeito exatamente ao valor da entrada, é que quanto maior for o valor financiado, menores as chances de ter o seu financiamento aprovado. Dando uma boa entrada, menor será a sua dívida; quanto menor a sua dívida, menor pode ser o prazo do financiamento. E quanto menor o prazo e menor a dívida, menos dinheiro você vai gastar pagando juros e taxas para o banco.
Além dessa ser a forma mais fácil de negociar descontos e ter a preferência de compra, matematicamente a melhor opção sempre será poupar e investir o seu dinheiro antes de comprar o imóvel. Pense comigo: se você pode poupar um bom percentual da sua renda para pagar uma dívida, ou seja, para pagar juros e taxas para um banco, por que não fazer a mesma coisa ganhando juros e tendo o tempo como seu aliado?
Esses são apenas alguns dos cuidados importantes a que você deve se atentar ao comprar um imóvel. Por favor, não deixe para prestar atenção a eles quando já estiver enfrentando dificuldades.
Alguns detalhes podem parecer pequenos, mas estamos falando de um comprometimento financeiro pelas próximas décadas — o longo prazo maximiza todos os eventuais desconfortos financeiros, acredite.
Um beijo e vejo você no próximo conteúdo sobre finanças pessoais. Até mais!
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