Por Barani Krishnan, da Investing.com – O ouro encerrou novembro com queda de quase 6%, registrando seu pior mês em quatro anos, enquanto notícias implacáveis sobre o progresso das vacinas para Covid-19 e a diminuição da necessidade de proteção contra um colapso econômico continuaram a desviar dinheiro de portos seguros para mercados de risco e criptomoedas.
O ouro para entrega em fevereiro na Comex de Nova York fechou as negociações de segunda-feira com queda de US$ 7,20, ou 0,4%, a US$ 1.780,90 a onça. Anteriormente, atingiu US$ 1.767,40, baixa não vista desde 19 de junho, quando caiu para uma mínima intradiária de US$ 1.745,50.
Para o mês, o contrato futuro de ouro dos EUA perdeu US$ 112,50, ou 5,9%. Foi o pior mês do metal amarelo desde novembro de 2016, quando caiu mais de 7%.
A perda foi ainda mais acentuada – cerca de US$ 300, ou 15% – se comparada com o início de agosto, quando o metal atingiu recordes de quase US$ 2.090.
Para os fãs mais fervorosos de ouro, a situação atual seria impensável apenas alguns meses atrás, quando os bancos de investimento previam US$ 3.000 a onça ou mais antes do final de 2020, a partir de uma confluência de gastos com estímulos relacionados à Covid-19 e fraqueza do dólar.
O ouro despenca quase sem parar desde meados de novembro, após uma onda de anúncios positivos sobre os testes e das vacinas para Covid-19.
O secretário de Saúde dos EUA, Alex Azar, disse em uma entrevista à CBS na segunda-feira que, se tudo corresse bem, os americanos poderiam receber suas primeiras injeções da vacina contra o coronavírus antes do Natal, bem antes de qualquer prazo previamente indicado. Azar disse isso depois que a Moderna Inc (NASDAQ:MRNA) se tornou na segunda-feira a segunda empresa farmacêutica a solicitar autorização de emergência junto à Food and Drug Administration para distribuir doses para conter o vírus.
A Pfizer (NYSE:PFE); (SA:PFIZ34), que entrou com pedido de aprovação semelhante da FDA no início deste mês, usou a United Airlines (NASDAQ:UAL); (SA:U1AL34) para transportar por via aérea a primeira remessa em massa de suas vacinas para Covid-19 para Chicago na sexta-feira, informou a CNBC.
Nas negociações de segunda-feira, o preço à vista do ouro, que reflete as negociações em tempo real, caía US$ 7,27, ou 0,4%, a US$ 1.780,39 às 17h28 (horário de Brasília). O ouro caiu para US$ 1.764,66 mais cedo, nível não visto desde 2 de julho.
Alguns analistas acreditam que, na pior das hipóteses, o ouro pode perder seu suporte de US$ 1.700. Sunil Kumar Dixit, da SK Dixit Charting, de Calcutá, Índia, está entre os que se preparam para essa eventualidade. Ele diz:
“A falha em se manter acima do suporte crítico de US$ 1.748 pode causar mais queda no ouro para US$ 1.688 e US$ 1.660, que será um piso potencialmente forte e duro para mais um rali após uma consolidação saudável”, disse Dixit.
Outros acham que o ouro ainda pode se salvar em dezembro.
“O ouro perdeu temporariamente o apelo de porto seguro e não está mais se recuperando quando as ações são vendidas, mas isso deve mudar”, disse Ed Moya, estrategista sênior de mercados da OANDA de Nova York.
“A fraqueza do mercado de ações de hoje é provavelmente algo de fim de mês, e não o início de uma enorme realização de lucros no final do ano”, acrescentou ele, referindo-se à queda de segunda-feira de mais de 1% no Dow de Wall Street.
Moya disse que a ação de estímulo do Banco Central Europeu e do Federal Reserve dos EUA pode salvar o metal amarelo no mês que vem.
“O ouro provavelmente receberá um forte apoio em meados de dezembro, já que será impulsionado por estímulos do BCE e do Fed”, disse ele. “O ouro está vulnerável a uma quebra do nível de US$ 1.750, o que pode gerar uma queda para a região de US$ 1.700. A perspectiva de longo prazo do ouro ainda é de alta, mas a dor de curto prazo está fazendo com que muitos abandonem o investimento por enquanto. Assim que a trajetória de estímulo melhorar, o ouro deve se estabilizar e atingir o nível de US$ 1.850.”