A Associação Brasileira de Franchising (ABF) informou hoje (24) que a receita do setor cresceu 7% no ano passado em relação aos R$ 163 bilhões registrados em 2017. Em balanço, cujos dados são preliminares, a ABF diz que o número de empregos diretos gerados pelo setor indica aumento de 8% sobre o ano anterior, com 1,3 milhão de trabalhadores contratados em 2018.
“Com a nova lei trabalhista, estamos incluindo também trabalhadores intermitentes que foram contratados pelos franqueados e franqueadores durante o ano”, ressaltou, em entrevista à Agência Brasil, o presidente da ABF, André Friedheim.
Segundo Friedheim, no quarto trimestre do ano passado, o setor de franchising nacional sentiu a retomada do movimento, especialmente depois de passado o período eleitoral. “O índice de confiança tanto do consumidor como do empresariado começou a aumentar. E, quando o nível de confiança do consumidor aumenta, ele está predisposto a gastar mais, a se endividar um pouco mais para consumir mais, porque já enxerga uma manutenção do emprego, um aumento de renda.”
Ele acrescentou que, quando o consumidor se predispõe a consumir, o varejo e os serviços são os primeiros setores a apresentar reaquecimento. “Sentimos isso a partir do quarto trimestre”. Para Friedheim, o movimento de recuperação da economia deve se manter em 2019, impactando de forma positiva o franchising nacional. A expectativa é que o faturamento do setor evolua entre 8% e 10% em relação a 2018, acompanhado da expansão também do mercado de trabalho, em torno de 5%.
Investimento
Para Friedheim, quando o empresariado mostra disposição de investir, o número de franquias tende a aumentar, porque, em vez de deixar o dinheiro no banco, ele prefere investir a juros mais baixos e correr um pouco mais de risco, mas com possibilidade de rentabilizar o capital investido de maneira mais vantajosa do que deixando o dinheiro parado.
“Aí, surge a franquia como uma opção interessante, porque traz marca, traz know-how [conhecimento prático], ganho de escala, rede de negócios, compartilhamento, colaboração. O franchising traz menos risco do que montar um negócio independente e tende agora a retomar seu crescimento em número de operações”, afirmou Friedheim.
De acordo com os números da ABF, depois de um ano de queda, a expansão do número de unidades franqueadas atingiu 5% em 2018, com aumento de 1% de novas marcas, em função da crise, que inibiu maiores investimentos por parte dos empresários. A expectativa é manter o crescimento de unidades entre 5% e 6%, em 2019, repetindo o aumento de 1% de novas marcas.
Embora o setor de alimentação tenha se mantido na liderança em número de franqueadores e de operações, o grande destaque do ano foi a parte de saúde, estética e beleza, que “gerou maior crescimento” e também a área de serviços em geral. O grande impulso no setor de alimentação pode ser explicado pelas novas plataformas de delivery e pela capilaridade de operações, que facilitam a logística de acesso ao consumidor.
Pelo terceiro ano consecutivo, a rede O Boticário, do segmento de saúde, beleza e bem-estar, com 3.724 operações de franquiasem 2018, ficou em primeiro lugar entre as marcas em operação no Brasil. Na segunda posição, manteve-se a rede AM PM Mini Market, de alimentação, com 2.493 operações. A Região Sudeste concentrou o maior número de unidades e de franqueadores das 50 maiores marcas, com destaque para os estados de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Novos formatos
Friedheim estimou que, além de alimentação, deverão continuar crescendo os segmentos de saúde, turismo, hotelaria e educação, principalmente os novos cursos, como robótica. De acordo com a ABF, as maiores redes de franquias brasileiras continuam investindo na implantação de novos formatos. Em 2018, comparativamente a 2017, enquanto o percentual de lojas tradicionais diminuiu de 91% para 88%, outros formatos cresceram de 9% para 12%, como quiosques, unidades móveis e operações home based (que funciona em casa).
Essa tendência permanecerá em 2019, disse Friedheim. “Novos formatos e modelos de negócios, sem perder o DNA da franquia, são alternativas, porque consegue-se entrar em pontos comerciais alternativos, como universidades, estações de trem, de metrô”. Esses formatos oferecem custos menores para montar uma franquia e também para manter. “É um [tipo de] negócio que tem muito para crescer ainda no mercado brasileiro.”
Ele destacou ainda o movimento de internacionalização das marcas brasileiras, que continua em ritmo positivo. “O mais importante é que cresceu também a abrangência de países. Marcas que já estavam lá fora começaram a abrir novos mercados. Passamos de 100 para 114 países com marcas brasileiras. Isso mostra que as marcas ficaram mais fortes, se consolidaram.”
De acordo com o presidente da ABF, o segmento da moda é o mais representativo, com 35 marcas. O primeiro destino das marcas brasileiras são os Estados Unidos, com 59 marcas. Portugal é o segundo país mais procurado, com 34 marcas, e o Paraguai, o terceiro, com 32 marcas. Friedheim disse não esperar grandes mudanças na participação das franquias brasileiras no exterior. A prioirdade deve continuar sendo Estados Unidos e Portugal e Espanha, como entrada para a Europa, além da América Latina e de Angola, acrescentou.