O Brasil fechou 2018 com um déficit externo em conta corrente de US$ 14,5 bilhões, ou 0,8% do Produto Interno Bruto (PIB), o dobro dos US$ 7,2 bi ou 0,4% do PIB de 2017. Mas a notícia é boa pois a principal contribuição para aumento do déficit foi a diminuição do saldo comercial, refletindo crescimento das importações acima do das exportações. E o aumento das importações foi provocado pelo reaquecimento da economia, ainda que discreto, no ano passado.
O déficit externo é importante para a definição da taxa de câmbio do país. Um déficit muito grande aumenta o risco do país cumprir seus compromissos externos e pressiona a moeda local. Já um déficit pequeno e com o volume de reservas elevado que o Brasil possui dá tranquilidade na área externa e permite ao Banco Central (BC) controlar melhor a inflação e manter os juros baixos.
Já o déficit de rendas recuou em relação a 2017 enquanto o déficit se serviços permaneceu praticamente estável. Do lado do financiamento, o investimento direto no país segue em patamar elevado, confirma analisa o Departamento Econômico do Itaú.
A balança comercial apresentou superávit de US$ 6,2 bilhões, acima dos US$ 4,6 bi registrados em dezembro de 2017. Com um superávit de US$ 54 bi em 2018 (ante superávit de US$ 64 bi em 2017), a balança comercial foi a principal contribuição para o aumento do déficit em conta corrente ao longo do ano pelo aumento das compras no exterior. Com o reaquecimento econômico, as empresas brasileiras compram mais matérias-primas e máquinas do exterior, ao mesmo tempo em que reduzem as exportações para atender ao mercado local.
Para os próximos anos, o Itaú manteve a projeção de déficits crescentes, permanecendo em patamar confortável, isto é, sem comprometer a sustentabilidade externa do país. Déficits externos são normais em países que não têm poupança interna suficiente para financiar seus investimentos, e dependem de capitais externos para isso. O Itaú projeta um déficit externo de US$ 21 bilhões neste ano.
O déficit de serviços somou US$ 3,3 bilhões em dezembro, uma queda em relação aos US$ 3,7 bi registrados em dezembro de 2017. Os déficit de viagens internacionais e de aluguel de equipamentos recuaram em relação ao mesmo mês do ano anterior (para US$ 915 mi ante US$ 1,1 bi e para US$ 1,6 bi ante US$ 1,7 bi, respectivamente). No mês, o déficit de serviços recuou 3,3%.
Déficit de viagens caiu de US$ 13,5 bi para US$ 12 bi
No ano, o déficit de serviços ficou estável em US$ 34 bi. O déficit de viagens internacionais recuou de US$ 13,5 bilhões para US$ 12 bilhões e o de aluguel de equipamentos de US$ 16,8 para US$ 15,0. Já o déficit de transportes aumentou de US$ 5,0 para US$ 6,2 bilhões.
Investimento estrangeiro direto chega a 4,7% do PIB em 2018
Na conta financeira, o investimento direto no país (IDP) somou US$ 9,0 bilhões em dezembro, acima do consenso de mercado, de US$ 7,5 bilhões. Do IDP total, US$ 4,2 bi vieram na forma de participação no capital e US$ 4,8 na forma de empréstimos intercompanhias.
Em 2018, o investimento direto somou US$ 88,3 bi (4,7% do PIB) e foi a principal fonte de financiamento do déficit em conta corrente. O IDP cobriu mais uma vez a totalidade do déficit em conta corrente em 2018, observa o Itaú.
Estrangeiro sai de bolsa e títulos do governo
Já o investimento estrangeiro no mercado local de capitais foi negativo em US$ 4,5 bi. Foram registradas saídas de US$ 2,9 bi do mercado local de renda fixa e de US$ 1,7 bi no mercado local de ações. Ao longo de 2018 foram registradas saídas de US$ 12,0 bi para o mercado local de capitais depois de entradas de US$ 226 mi em 2017.
As reservas internacionais terminaram dezembro em US$ 375 bi pelo conceito caixa e US$ 383 bi pelo conceito liquidez. A diferença de US$ 8,0 bi se deve ao posicionamento do Banco Central em linhas com recompra no mercado de câmbio. Em comparação com 2017, as reservas aumentaram em US$ 743 milhões.
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