O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de janeiro foi de 0,32%, acima dos 0,15% de dezembro. Em janeiro de 2018, o índice tinha sido de 0,29%. O IPCA acumulado em 12 meses ficou em 3,78%, pouco acima dos 3,75% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. A informação é do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O IPCA é usado como referência pelo Banco Central (BC) para suas metas de inflação e para a definição da política de juros básicos da economia.
Só Vestuário caiu; Alimentos e bebidas puxaram inflação
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, apenas Vestuário (-1,15%) apresentou deflação de dezembro para janeiro. A maior variação positiva ficou com Alimentação e bebidas (0,90%), que apresentou também o maior impacto no índice do mês, 0,22 ponto percentual (p.p.). A segunda maior alta ficou com Despesas pessoais (0,61%), cuja contribuição foi de 0,07 p.p. Juntos, os dois grupos responderam por cerca de 90% do índice do mês. Os demais grupos ficaram entre o 0,02% de Transportes e o 0,32% de Artigos de residência (ver tabela)
IPCA – Variação e Impacto por grupos – mensal | ||||
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Grupo | Variação (%) | Impacto (p.p.) | ||
Dezembro | Janeiro | Dezembro | Janeiro | |
Índice Geral | 0,15 | 0,32 | 0,15 | 0,32 |
Alimentação e Bebidas | 0,44 | 0,90 | 0,11 | 0,22 |
Habitação | -0,15 | 0,24 | -0,02 | 0,04 |
Artigos de Residência | 0,57 | 0,32 | 0,02 | 0,01 |
Vestuário | 1,14 | -1,15 | 0,06 | -0,07 |
Transportes | -0,54 | 0,02 | -0,10 | 0,01 |
Saúde e Cuidados Pessoais | 0,32 | 0,26 | 0,04 | 0,03 |
Despesas Pessoais | 0,29 | 0,61 | 0,03 | 0,07 |
Educação | 0,21 | 0,12 | 0,01 | 0,01 |
Comunicação | 0,01 | 0,04 | 0,00 | 0,00 |
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Índices de Preços |
O grupo Alimentação e bebidas acelerou de dezembro para janeiro, ao passar de 0,44% para 0,90%, contribuindo para elevar o IPCA no mês. O grupamento da alimentação no domicílio subiu 0,97% em janeiro, especialmente em função das altas nos preços do feijão-carioca (19,76%), da cebola (10,21%), das frutas (5,45%) e das carnes (0,78%). O leite longa vida, após cinco meses consecutivos de quedas, subiu 2,10%, contribuindo com 0,02 p.p. no IPCA de janeiro. No lado das quedas, verificou-se redução expressiva nos preços do tomate (-19,46%), o que ajudou a conter a alta dos itens alimentícios.
A alimentação fora também acelerou e subiu 0,79%, frente à alta de 0,33% em dezembro. O destaque ficou com as altas do lanche, que passou de 0,72% para 0,91%, e da refeição, que atingiu 0,90%, quando havia registrado 0,08% no mês anterior.
As Despesas pessoais, por sua vez, apresentaram alta de 0,61% no IPCA do mês, acelerando em relação à variação de 0,29% observada em dezembro. Contribuíram para esse resultado a alta de itens como excursão (6,77%) e hotel (1,06%) e de alguns serviços como manicure (0,85%) e cabeleireiro (0,69%).
Nos Transportes, após a deflação de 0,54% em dezembro, observou-se leve alta em janeiro, de 0,02%. Embora os combustíveis (-2,09%) tenham caído pelo terceiro mês consecutivo, essa queda foi menos intensa que a do mês anterior (-4,25%). Ainda assim, o maior impacto individual no índice do mês (-0,11 p.p) veio da gasolina (-2,41%). À exceção da região metropolitana de Salvador, que registrou alta de 1,50% no preço desse combustível, as demais áreas apresentaram quedas que variaram entre os -5,98% de Aracaju e os -0,31% da região metropolitana do Rio de Janeiro. O etanol e o óleo diesel também caíram: -0,75% e -1,61%, respectivamente. Além disso, as passagens aéreas, que haviam subido 29,12% em dezembro, caíram 3,59% em janeiro, com impacto de -0,02 p.p.
A maior contribuição positiva no grupo dos Transportes ficou com os ônibus urbanos (2,67% e 0,07 p.p.), por conta de reajustes nas tarifas em cinco das dezesseis regiões pesquisadas durante o período de referência da pesquisa.
Ainda em Transportes, destacam-se, na região metropolitana de São Paulo, os reajustes de 7,50% nas tarifas de trem (4,00%) e de metrô (4,00%), em vigor desde o dia 13 de janeiro. Os ônibus intermunicipais também tiveram suas tarifas reajustadas: 6,00%, em média, em São Paulo (3,02%), a partir de 20 de janeiro; e 6,78% em Belo Horizonte (3,00%), a partir de 30 de dezembro. No Rio de Janeiro, houve reajuste médio de 4,26% nas tarifas de táxi, vigente desde o dia 1º de janeiro.
No grupo Habitação (0,24%), que havia apresentado deflação de 0,15% em dezembro, o destaque ficou com as altas dos itens aluguel residencial (0,42%) e condomínio (0,77%). A energia elétrica (-0,13%) apresentou queda menos intensa em comparação com o mês anterior, quando registrou -1,96%. As áreas apresentaram variação entre os -8,24% do município de Rio Branco e os 3,92% da região metropolitana de Fortaleza. Em Rio Branco, apesar do reajuste médio de 21,29% nas tarifas a partir do dia 13 de dezembro, houve redução de impostos no período de referência da pesquisa. Adicionalmente, o reajuste foi suspenso pela Justiça no dia 3 de janeiro e só voltou a vigorar no dia 29. Ressalta-se, ainda, que permanece em vigor desde o início de dezembro a bandeira tarifária verde, em que não há cobrança adicional por quilowatt-hora consumido.
Ainda em Habitação, a variação de 3,53% no item gás encanado ocorreu em razão do reajuste de 7,20% na tarifa no Rio de Janeiro (6,53%), em vigor desde 1º de janeiro. O item taxa de água e esgoto (0,31%), por sua vez, reflete os reajustes de 8,60% em Porto Alegre (2,32%), a partir de 16 de dezembro, de 4,00% em Campo Grande (3,41%), vigente desde 3 de janeiro, e de 6,04% no Rio de Janeiro (0,38%), em vigor desde 1º de dezembro.
O grupo Vestuário (-1,15%) foi o único com deflação de dezembro para janeiro e ajudou a conter a taxa do mês, com impacto de -0,07 p.p. Foram registradas variações negativas nas roupas femininas (de 2,34% em dezembro para -2,00% em janeiro), roupas infantis (de 0,91% em dezembro para -1,06% em janeiro) e roupas masculinas (de 1,57% em dezembro para -0,99% em janeiro). Além disso, os calçados também registraram queda, de -0,65%.
Quanto aos índices regionais, apenas os municípios de Rio Branco (-0,09%) e Goiânia (-0,17%) apresentaram deflação no IPCA de janeiro, conforme mostra a tabela a seguir. O resultado de Goiânia deveu-se, especialmente, às quedas observadas nos preços da gasolina (-4,97%) e do tomate (-20,89%). O maior índice ficou com a região metropolitana de Belo Horizonte (0,70%), cujo resultado foi influenciado principalmente pelo reajuste de 11,00% na tarifa dos ônibus urbanos (10,12%), vigente desde 30 de dezembro.
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