Apesar das ameaças de prisão por parte do governo de Nicolás Maduro, o autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, afirmou que retornará para a Venezuela até a próxima segunda-feira (4). Em entrevista coletiva, no Palácio do Planalto, após encontro com o presidente Jair Bolsonaro, ele confirmou que de Brasília seguirá para Assunção, no Paraguai.
“Claro que há um risco, inclusive de vida, o exercício da política na Venezuela, mas também temos um dever, resolvemos entregar nossa vida ao serviço de um país”, disse. “Como sabem, eu recebi ameaças pessoais e familiares e também ameaças de encarceramento por parte do regime de [Nicolás] Maduro. Nosso retorno a Venezuela será neste fim-de-semana, ou, no mais tardar, na segunda-feira.”
Antes da entrevista coletiva, Guaidó sintetizou seu sentimento e determinação por levar adiante a luta pelo resgate de “valores democráticos” no seu país. “Não vamos permitir nunca mais que um grupo se apodere da verdade ou dos recursos de um povo. Não se pode utilizar da palavra ‘povo’ para se aproveitar, mas para criar prosperidade, liberdade e bem-estar.”
Ameaças
Questionado se temia por sua vida, Guaidó afirmou que não teme perseguições.
“Nós temos um dever, entregamos nossa vida a serviço da Venezuela. (…) Minha geração cresceu nessa ditadura, não vimos outra coisa, mas estamos sentido o futuro na Venezuela, mantemos a esperança de que apesar da perseguição, do atropelo, resistimos. […] Não vai ser através da perseguição que vão nos deter.”
O venezuelano reiterou que sua determinação é resgatar a democracia, a liberdade e os direitos do povo da Venezuela. “Vamos seguir insistindo porque estamos cada vez mais perto desse triunfo da democracia na Venezuela e na região.”
Suspeitas
Segundo Guaidó, o governo Maduro é o principal suspeito de promover o sequestro e a prisão de três de seus assessores, em Sán Cristóbal, município próximo da fronteira entre Venezuela e Colômbia. Para ele, esse tipo de comportamento atrasa o processo de redemocratização do país.
“A fórmula da perseguição só está atrasando o inevitável, uma transição democrática ou em direção à democracia”, disse.
O interino afirmou que há aproximadamente mil presos políticos e o mesmo número de exilados que defendem a transição democrática no país.
Prisão
No mês passado, o Tribunal Supremo de Justiça proibiu Guaidó de deixar a Venezuela, além de determinar o congelamento das suas contas. A Corte atendeu a um pedido do procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, aliado do presidente Nicolás Maduro.
Apesar da decisão judicial, o presidente interino foi à Colômbia para articular a entrega de ajuda humanitária na fronteira. Depois, ele particpou do encontro do Grupo de Lima , em Bogotá, que defendeu a busca de uma saída alternativa para a paz e a democratização da Venezuela, sem intervenção externa.