Vale lucra R$ 14,5 bi no 4º tri, 471% a mais; ganho no ano é de R$ 25,7 bi

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A mineradora Vale divulgou hoje seu balanço do quarto trimestre do ano passado com um lucro líquido de R$ 14,5 bilhões 471% a mais que os R$ 2,533 bilhões do mesmo trimestre de 2017 . No ano de 2018, o lucro chegou a R$ 25,657 bilhões, 45,5% a mais que os R$ 17,627 bilhões de 2017.

A mineradora apresentou uma receita operacional líquida de R$ 37,455 bilhões no trimestre, 25.5% maior que no quarto trimestre de 2017. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Lajida ou Ebitda, indicador de geração de caixa) ajustado, ou seja, sem eventos extraordinários, ficou em R$ 17,059 bilhões no quarto trimestre, 27,44% mais que no mesmo período do ano anterior.

No ano, a receita líquida operacional da Vale atingiu R$ 134,482 bilhões, 42% mais que em 2017. O Ebitda ajustado em 2018 foi de R$ 61,065 bilhões, 49% maior que o de 2017.

Sem dividendos por causa de Brumadinho

A tragédia de Brumadinho, ocorrida em 25 de janeiro deste ano, não impactou os resultados do ano passado, mas vai interferir na distrubuição dos lucros obtidos em 2018. Junto com o balanço, a Vale lembrou hoje que, em 27 de janeiro de 2019, o Conselho de Administração determinou a suspensão da Política de Remuneração aos Acionistas e, consequentemente, o não pagamento de dividendos e juros sobre o capital próprio, bem como qualquer outra deliberação sobre recompra de ações de sua própria emissão. Nesta mesma reunião, o Conselho de Administração deliberou também a suspensão do pagamento de remuneração variável aos executivos. Os valores ficam suspensos até que se tenha mais clareza dos resultados da investigação em curso.

Efeitos contábeis de Brumadinho

Do ponto de vista contábil, o rompimento da Barragem I da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, representa um evento subsequente às demonstrações financeiras de 31 de dezembro de 2018, diz a Vale. Portanto, seus impactos contábeis serão refletidos no exercício de 2019, a começar pelas demonstrações financeiras para o trimestre findo em 31 de março de 2019.

Ações no Brasil e no exterior

A Vale admite que está sujeita a passivos e contingências significativos em razão da ruptura da Barragem I. E diz que já é parte em diversas investigações e processos judiciais e administrativos movidos por autoridades e pessoas afetadas, sendo que novos processos são esperados. A Vale ainda está avaliando esses passivos e contingências e realizará provisões, com base nos acordos celebrados. Devido ao estágio preliminar das investigações e processos, não é possível determinar um conjunto de resultados ou estimativas confiáveis da exposição potencial relacionada à ruptura da Barragem I neste momento, diz a empresa.

A empresa informa que ela e alguns de seus executivos foram indicados como partes em pedidos de ação civil coletiva perante as cortes Federais de Nova Iorque, ajuizada por detentores de American Depositary Receipts (“ADRs”) de emissão da Vale, com base na legislação federal americana sobre valores mobiliários (U.S. Federal Securities Laws).

Os processos judiciais alegam que a Vale fez declarações falsas e enganosas ou deixou de fazer divulgações relativas aos riscos e perigos potenciais de um rompimento da Barragem I da mina do Córrego do Feijão. Os autores não especificaram um valor dos prejuízos alegados nessas ações. A Vale pretende defender-se desses processos e preparar uma defesa completa contra essas alegações.

Impacto das barragens de R$ 5 bi

Atualmente a Vale possui barragens construídas pelo método de alteamento a montante, semelhantes às que romperam no Rio Doce e em Brumadinho. Todas se encontram inativas, informou a empresa. Essas estruturas passarão por obras de descaracterização e deixarão de existir. A estimativa em 29 de janeiro de 2019, calculada quatro dias após o evento, e baseada em estudos preliminares, indicavam gastos de R$ 5 bilhões para retirada e reprocessamento de todo o material existente nas barragens, seguido da recuperação total das áreas.

Os planos para o descomissionamento dessas barragens até então eram baseados em métodos que asseguravam a estabilidade física e química das estruturas, entretanto, sem a retirada e processamentos dos rejeitos existentes. Após o evento de Brumadinho, a Vale diz que está trabalhando em um plano detalhado de engenharia individual para cada uma dessas barragens que irá permitir a descaracterização total das mesmas. Até o presente momento não é possível estimar os custos a serem incorridos nessas descaracterizações e assim que uma estimativa confiável seja definida, a Companhia, divulgará e reconhecerá a obrigação em 2019.

Bloqueio de recursos

Em decorrência do rompimento da Barragem I, a justiça estadual de Minas Gerais determinou, em decisões liminares proferidas em atendimento a requerimentos de tutela antecipada formulados pelo Ministério Público do Estado de Minas Gerais e pelo Estado de Minas Gerais, a indisponibilidade e bloqueio do valor total aproximado de R$ 11 bilhões da Vale. Desse montante, a Vale foi intimada a realizar depósito judicial de aproximadamente R$ 7,4 bilhões em cumprimento a duas ordens judiciais.

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