Por 14 votos a 11, a comissão especial mista que analisa a Medida Provisória da Reforma Administrativa (MP 870/19) decidiu tirar o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) do Ministério da Justiça e Segurança Pública e transferi-lo para o Ministério da Economia.
A permanência do Coaf na pasta comandada por Sergio Moro era defendida pelo ministro. A mudança teve o apoio dos partidos do chamado centrão (DEM, PP, PSD, PR, PTB, PRB, Pros, Podemos e Solidariedade) e da oposição e representa uma derrota para o governo de Jair Bolsonaro, mostrando que o governo segue sem uma articulação política eficiente no Congresso.
O governo já tinha cedido ao Centrão ao admitir o aumento do número de ministérios com a recriação do Ministério das Cidades. Os parlamentares decidiram extinguir o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR). A pasta será desmembrada, com a recriação dos ministérios das Cidades e da Integração Nacional.
Criado em 1998, no âmbito do Ministério da Fazenda, o Coaf é uma órgão de inteligência financeira do governo federal que atua principalmente na prevenção e no combate à lavagem de dinheiro, detectando movimentações financeiras fora do normal e comunicando as autoridades.
Demarcação fica com a Funai
A comissão também aprovou, por 15 votos a 9, emenda para que a demarcação de terras deixe de ser uma atribuição do Ministério da Agricultura (Mapa). Os parlamentares decidiram suprimir do texto da MP o trecho que transferia essa responsabilidade ao Mapa. O retorno da Fundação Nacional do Índio (Funai) ao Ministério da Justiça já estava previsto no relatório do líder de governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), apresentado na última terça-feira (7). Com a nova emenda, a demarcação de terras voltará a ser responsabilidade da Funai.
Tramitação
A votação desta quinta-feira foi apenas a primeira etapa da MP que trata da reforma administrativa. As mudanças aprovadas hoje ainda precisam ser também aprovadas pelo plenário da Câmara e depois pelo do Senado. Para não expirar, o texto de conversão da medida provisória precisa ser ter a votação concluída nas duas Casas até o dia 3 de junho.
Bolsonaro pede Coaf de volta para Moro
O presidente Jair Bolsonaro pediu hoje que o Congresso devolva o Coaf para o Ministério da Justiça. “Estão pegando a Coaf do Moro e mandando para o Paulo Guedes. Esperamos que o plenário mantenha a Coaf no Ministério da Justiça, porque é uma ferramenta muito forte para combater a corrupção e a lavagem de dinheiro”, disse o presidente na já tradicional live de quintas-feiras, transmitida pelo Facebook.
Outras mudanças
“O Ministério do Desenvolvimento Regional encontra-se assoberbado devido ao excesso de demandas. A reativação dos ministérios das Cidades e da Integração Nacional é consequência de diversas solicitações de prefeitos, externadas durante a Marcha dos Municípios, e de parlamentares do Congresso Nacional. O retorno desses ministérios poderá dar mais eficiência, eficácia e efetividade nos resultados, fortalecendo as ações de governo em áreas que impactam profundamente a população de baixa renda, como o programa Minha Casa, Minha Vida”, afirmou o porta-voz do Palácio do Planalto, Otávio Rêgo Barros, durante coletiva de imprensa nesta quinta-feira.
O porta-voz também confirmou que o ministro Gustavo Canuto, do Desenvolvimento Regional, continuará como ministro na pasta de Integração Nacional. Para o Ministério das Cidades, o governo discute a indicação com partidos do chamado Centrão, que envolve legendas como PP, PR, PSD, DEM, MDB, e com a Frente Nacional de Prefeitos (FNP).
“Após as mudanças feitas pela comissão mista, apesar do posicionamento do governo, agora cabe aprovar ou não essas modificações. Em relação à população, ela deve exercer sua vontade externando aos seus congressistas os seus interesses”, acrescentou Rêgo Barros.
As informações são da Agência Brasil.
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