O diretor-presidente do grupo espanhol Globalia, Javier Hidalgo, disse ontem (30) que a intenção da companhia é dobrar a frequência dos voos operacionais da empresa, que também estuda operar em voos no mercado doméstico. Outro projeto em estudo no plano de negócios da empresa é a construção de hotéis. Hidalgo se reuniu nesta quinta-feira com o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio.
“A nossa intenção é crescer, no ano que vem, 25 a 30 voos nos destinos que já estamos operando e também ver a possibilidade de abrir um destino para Fortaleza. Também estudamos abrir hotéis e investir na abertura de destinos turísticos de maneira mais competitiva. Queremos estar com o governo para ver oportunidades no setor hoteleiro”, disse.
Atualmente a Globalia, primeira empresa com capital 100% estrangeiro a atuar no país, já opera, por meio Air Europa, com 18 voos internacionais partindo de São Paulo, Salvador e Recife com destino a Madrid, na Espanha. Com faturamento de € 3,850 milhões em 2018, o conglomerado é formado por uma dezena de empresas que atuam em setores como o hoteleiro e em operadores de turismo em mais de 20 países.
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A Globalia recebeu, na semana passada, a outorga da Anac para operar no transporte aéreo de passageiros no Brasil. O grupo aguarda a sanção presidencial e a vigência da lei que autoriza 100% do capital estrangeiro no país para iniciar os processos pré-operacionais, registro de aeronaves e solicitação de rotas, dentre outros.
Na semana passada, foi aprovada no Congresso Nacional a medida provisória que autoriza a liberação de 100% de capital estrangeiro em companhias aéreas no país, que aguarda a sanção presidencial. Mas a MP aprovada pelo Congresso estabeleceu a volta da franquia de bagagem.
O executivo disse que ainda não há um plano de negócio fechado e que a empresa também vai estudar a possibilidade de operar rotas domésticas no país e não descartou a possibilidade de tentar operar na ponte aérea Rio-São Paulo. Segundo Hidalgo, a crise da Avianca abriu uma janela de oportunidade nesse segmento.
“Teremos no menor tempo possível um plano de negócios e um estudo das possibilidades apresentadas com esta oportunidade. Estamos estudando as rotas dentro do Brasil que nos permitem nos posicionar neste mercado “, disse Hidalgo.
Sobre a questão da volta da franquia de bagagem, trecho que pode ser vetado pelo presidente Jair Bolsonaro, Hidalgo disse que as empresas aéreas devem ter liberdade para oferecer diferentes pacotes para os passageiros, que podem incluir ou não o despacho de bagagem.
“As pessoas devem ter capacidade de escolher como querem viajar e acho que o mundo mudou muito e a gente tem que ter essa capacidade de oferecer uma tarifa diferente para a pessoa que quiser voar sem a mala, com um melhor preço. Esse sistema funciona muito bem na Europa e o Brasil deve dar a opção aos clientes e companhias para voar como querem e com diferentes preços”, disse.
Franquia de bagagens
O ministro do Turismo disse acreditar que o presidente Jair Bolsonaro vai vetar a volta da franquia de bagagem. “Existe uma tendência de que o presidente vete a emenda para que o texto original possa prevalecer no final. Erroneamente, no passado, foi divulgado que a exclusão das malas poderia produzir uma diminuição no custo das passagens, mas o nosso objetivo é ter um número maior de empresas operando aqui e, com isso, entregar para o passageiro uma tarifa de passagem mais barata”, disse Marcelo Álvaro Antônio.
Ontem (29) o porta-voz da presidência, Otávio Rêgo Barros, disse que o presidente vai analisar estudos de órgãos vinculados ao governo para decidir se mantém o despacho gratuito de bagagens. Nesta semana, órgão como o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), ligada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) encaminharam manifestações ao governo, reforçando o pedido de veto à volta da franquia de bagagem.
Na noite de hoje, durante transmissão semanal ao vivo em sua página no Facebook, Bolsonaro disse que a sua tendência é vetar o dispositivo que determinou a gratuidade no despacho de bagagens aéreas em voos operados dentro do país.