A inflação de 0,13% em maio de acordo com o IPCA do IBGE divulgada hoje reforçou a expectativa de que o Banco Central (BC) vai cortar os juros ainda este ano. O Bradesco Investimentos (BBI) anunciou que está revendo sua estimativa para a taxa Selic deste ano, de 6,5% para 6%, prevendo dois cortes de 0,25 ponto percentual este ano. Para o fim do ano que vem, o banco reduziu a projeção do juro básico, de 7,25% ao ano para 6,5%. Segundo o economista do BBI, Dalton Gardimam, os cortes neste ano começariam assim que a reforma da Previdência passar em primeira votação na Câmara, garantindo uma economia em 10 anos de R$ 700 bilhões. Já a inflação do IPCA deve ficar abaixo da meta de 4,25% este ano e 4% no ano que vem. Essas condições e mais a economia ainda fraca abrem espaço para os cortes de juros, acredita o banco.
A inflação ao consumidor desacelerou forte e caiu de 0,57% em abril, acumulando 4,66% em doze meses, depois de ter subido até 4,94%, observa Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da corretora Nova Futura. Nos próximos meses a inflação acumulada deve cair para abaixo dos 4% e, com isso, abrir espaço para o Comitê de Política Monetária (Copom) voltar a reduzir a taxa Selic, acredita Silveira. “Consideramos que a manutenção de um cenário benigno para o IPCA, junto com o elevado hiato do produto e a perspectiva de desaceleração da economia global, reforçam a hipótese da queda dos juros básicos”, diz o economista.
O cenário para a aprovação da reforma de previdência, porém, precisa se mostrar convincente para que os diretores do BC confirmem essa expectativa. O cenário de Silveira contempla duas quedas de 0,25%, em novembro e dezembro, e pode ser revisto, com a antecipação do início das quedas e de sua amplitude. “A probabilidade da SELIC terminar 2019 abaixo dos 6% subiu consideravelmente nas últimas semana”, diz o economista. I
Os preços dos alimentos, que foram um dos principais motivos para a aceleração da inflação do IPCA em fevereiro e março, registraram deflação em maio, indicando que o efeito da alta destes preços sobre o IPCA deve se diluir nos próximos meses, avalia o Banco Fator. A categoria de Transportes, outra culpada pela aceleração do IPCA no início do ano, ficou praticamente estável de abril para maio.
Deflação em junho
Com menor pressão inflacionária dos alimentos, o principal vetor que mantém o IPCA acima do centro da meta são preços administrados, combustíveis e energia elétrica especialmente. Em relação a estes preços, no entendo, espera-se deflação de maio para junho, com corte do preço da gasolina e do diesel, anunciada pela Petrobras no final de maio, e mudança para bandeira verde na tarifa de energia elétrica para o para o mês, conforme a ANEEL. “Esperamos que o IPCA em junho registre deflação na margem, estimada por hora em 0,10%”, diz o Fator, em relatório assinado pelo economista-chefe José Francisco de Lima Gonçalves.
As categorias que medem a inflação de serviços e bens industriais, itens sensíveis ao ciclo econômico, continuam significativamente abaixo da meta, ilustrando a influência desinflacionária do anêmico desempenho da atividade. Isso
é indicado pelos núcleos, cuja média continua abaixo de 3,50%.
Deste modo, o Fator vê um cenário de inflação controlada, com expectativas ancoradas, que deve encerrar 2019 dentro da meta, sem dificuldades. A projeção do banco é que o IPCA, em dezembro, acumule taxa de 3,70%.
Se o principal fator inflacionário neste ano é a evolução dos preços administrados, não seria razoável o Copom justificar a necessidade de mantém a Selic no atual nível para conter a alta do IPCA, analisa o Fator. “De qualquer modo, reiteramos nosso cenário de queda da Selic, que deve encerrar o ano em 5,25%”, diz o banco .
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