Um ato hoje (19), na sede do Banco do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), criticou a medida prevista no relatório da reforma da Previdência, apresentado pelo deputado federal Samuel Moreira (PSDB-SP) na comissão especial da Câmara, que prevê que a parcela de 40% das receitas do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) deixe de ser repassada ao BNDES e passe a ser destinada à Previdência Social.
O ato lotou o auditório com capacidade para 400 pessoas e contou com a presença de quatro ex-presidentes do banco. O encontro foi organizado pela Associação dos Funcionários do BNDES (AFBNDES) e reuniu os ex-presidentes do banco: Dyogo Oliveira, Paulo Rabello de Castro, Luciano Coutinho e José Pio Borges. Os executivos defenderam que o FAT é uma fonte estável de recursos que permitiu que o banco tomasse outra dimensão e apoiasse projetos de longo prazo.
A associação de funcionários do banco defendeu que a mudança proposta pelo relator vai retirar R$ 20 bilhões por ano do caixa do BNDES, o que inviabilizaria R$ 410 bilhões em investimentos nos próximos 10 anos. A consequência disso, segundo as contas da associação, poderia ser deixar de criar 8 milhões de empregos.
Luciano Coutinho ponderou que o ato não era contra a reforma da Previdência, mas sim contra a inclusão dessa medida no relatório apresentado. “É algo cuja irracionalidade é evidente. Eu acredito que isso foi um acerto contábil, matemático, aritmético, de última hora e que precisamos demonstrar que não é consistente e buscar junto ao Congresso Nacional uma alternativa”, disse.
Dyogo Oliveira argumentou que a medida vai na contramão da intenção de reduzir as despesas correntes do governo para abrir espaço para investimentos, já que o dinheiro será retirado do banco de fomento para ajudar no equilíbrio da Previdência Social. “É o oposto do que se pretende”, disse o Oliveira.
Paulo Rabello de Castro também criticou a proposta e disse que representantes dos funcionários precisam procurar o Congresso Nacional para mostrar o impacto da proposta nos investimentos do país. “Não adianta fazermos essa reunião se não fizermos um corpo a corpo em Brasília.”
O relatório apresentado na comissão especial também recebeu críticas do ministro da Economia, Paulo Guedes. Na semana passada, ao comentar as mudanças trazidas no texto, Guedes disse que houve um recuo que pode abortar a Nova Previdência.
“Vou respeitar a decisão do Congresso. Agora, se aprovarem a reforma do relator, abortaram a reforma da Previdência”, disse o ministro.