O presidente da Centrais Elétricas Brasileiras S.A (Eletrobras), Wilson Ferreira Júnior, se disse “satisfeito” com o que a empresa conseguiu em termos de eficiência, ao comentar o lucro de R$ 5,5 bilhões da empresa no segundo trimestre de 2019, . Em entrevista coletiva no escritório central da companhia, no Rio de Janeiro, ele destacou que o resultado representa a conclusão da operação da empresa na área de distribuição de energia.
Ferreira Júnior ressalta que ainda quer obter melhorias de processos para a empresa ser mais competitiva “e para que isso reverta nos seus resultados”, avançando na área de comercialização de energia, onde a Eletrobras continua atuando.
Em relação ao período de reestruturação da empresa “bem sucedida e reconhecida pelo mercado”, o presidente disse estar bastante otimista, e pretende continuar “perseguindo a excelência sustentável”. Ferreira Júnior Reconheceu que a maior eficiência da Eletrobras inclui o enxugamento do quadro de pessoal. No primeiro semestre deste ano, 468 empregados aderiram ao plano de demissão voluntária, representando economia anual estimada de R$ 165 milhões.
A meta é que outras 1.161 pessoas se desliguem da empresa em 2020. No primeiro semestre de 2018, 820 empregados saíram da empresa. O ciclo de desligamentos deve se encerrar no próximo ano, deixando a companhia com um total de 12.088 funcionários, “um quadro eficiente em relação aos processos que a Eletrobras está implantando agora”. O presidente já submeteu à Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST) um plano para lançar em setembro próximo novo programa de adesão, que deverá ser concluído até dezembro.
Capitalização
Com um valor patrimonial de R$ 62,3 bilhões, recuperando parte da dívida de R$ 30 bilhões acumulada entre 2012 e 2015, e com um valor de mercado de R$ 57,7 bilhões, contra R$ 9 bilhões registrados em 2015, a Eletrobras está se preparando para iniciar o processo de capitalização. A ideia é tornar-se “mais eficiente e mais competitiva nos próximos leilões (de energia)”. Wilson Ferreira Júnior disse que o governo quer aumentar o capital da Eletrobras, mas não vai acompanhar esse aumento. Isso significa que o controle da empresa não será mais da União, embora ela continue como um acionista relevante.
Para poder emitir novas ações, os ministérios de Minas e Energia e Economia terão que enviar primeiro uma mensagem à Câmara Federal para ter um projeto de lei que venha a disciplinar a matéria. A expectativa é fazer a emissão de novos papéis no começo de fevereiro de 2020. O modelo de privatização sai este ano e a emissão em 2020. “A agenda é nessa direção”, manifestou. Com um total de 32 mil acionistas hoje, a Eletrobras tem 70% de ações de controle pulverizado no mercado. Ferreira Júnior lembrou que embora saia fora do controle da companhia, continuam sendo ditadas pelo governo as políticas do setor, além das funções de regulamentar e fiscalizar o mercado. “Isso continua com o governo”.
Até amanhã (14), o presidente espera concluir a etapa de pré-qualificação para venda de seis lotes com 39 Sociedades de Propósito Específico (SPES), para os quais recebeu manifestação de interesse. Não houve nenhum pedido de prorrogação do prazo. A negociação deve ser fechada entre outubro e novembro deste ano, de modo que o dinheiro entre no caixa da empresa “provavelmente” em 2020.
Angra 3
Em conjunto com o Conselho do Programa de Parcerias de Investimento da Presidência da República (CCPI), a Eletrobras está preparando relatório que vai recomendar uma opção para obtenção de novo sócio para a conclusão da Usina Nuclear Angra 3. Esse sócio será escolhido por meio de concorrência internacional. Há três opções em estudo. A primeira prevê a entrada de novo sócio no capital direto da Eletronuclear, como acionista minoritário, para viabilizar a construção de Angra 3, passando a ser sócio também de Angra 1 e 2. A Eletronuclear é a subsidiária da Eletrobras que administra a Central Nuclear brasileira, localizada em Angra dos Reis, Costa Verde do estado do Rio de Janeiro.
A segunda opção é fazer uma SPE Angra 3, da qual a Eletronuclear teria 51% e o novo sócio, 49%. Já a terceira opção em análise traria um investidor que concluiria a obra e ganharia em troca um recebível da receita da nova usina. Segundo Ferreira Júnior, o governo expôs as opções para todas as empresas que manifestaram interesse em Angra 3. Em paralelo, a Eletrobras está trabalhando para realizar uma concorrência internacional, que definirá o sócio privado da usina. O modelo deve ser definido neste segundo semestre de 2019, possibilitando o lançamento de edital até o final do ano.