Juros

Dólar bate R$ 4,16 e juros futuros e do Tesouro Direto recuam após Copom; Ibovespa perde fôlego e fecha em queda

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O dia foi de ajuste dos mercados à perspectiva de queda maior dos juros depois dos sinais do Comitê de Política Monetária (Copom) ontem, que reduziu os juros básicos da economia de 6% para 5,5% e indicou novas quedas. Com isso, analistas e investidores reviram suas estimativas sobre até onde o Banco Central (BC) vai cortar os juros. A projeção passou de 5% para até 4,25%, com o ciclo de queda estendendo-se até o começo do ano que vem.

O maior impacto ocorreu nos contratos futuros de juros e no dólar. A moeda americana subiu 1,5%, para R$ 4,16 para venda no mercado comercial, diante da expectativa de que mais recursos saiam do país pelo ganho menor dos juros. Já os contratos futuros chegaram a projetar taxas abaixo de 5% para o período até o fim do ano que vem, mas reduziram a queda e fecharam projetando 5,05%, ainda assim 0,17 ponto percentual abaixo da projeção de ontem. Para o fim deste ano, o contrato com vencimento em janeiro de 2020 projetava 5,125% ao ano, 0,06 ponto abaixo de ontem. Já para janeiro de 2024, a projeção caiu menos, de 6,61% para 6,58% ao ano.

Junto com os juros futuros, caíram também as taxas dos títulos do Tesouro Nacional no Tesouro Direto. Os juros dos títulos prefixados para 2022 caíram de 5,76% para 5,57% ao ano e o com vencimento em 2025 passou de 6,81% para 6,73% ao ano. Nos títulos mais longos corrigidos pela inflação mais juros, a NTN-B para 2035 e para 2045 passou de 3,56% para 3,48% ao ano mais IPCA. Essa queda dos juros valoriza os papéis antigos, com taxas mais altas, e seu preço sobe. Mas esse impacto vale apenas para quem vender os papéis agora. Quem levar o papel até o vencimento receberá exatamente o juro combinado. Esse ganho das NTN-B e dos prefixados vale também para os fundos de renda fixa e os fundos de renda fixa inflação e para os fundos com cotas negociadas em bolsa (ETF).

Ibovespa bate nos 106 mil pontos, mas fecha em queda

No mercado de ações, o Índice Bovespa chegou a subir até 106 mil pontos, mas perdeu a força no fim do dia e fechou em queda de 0,18%, aos 104.339 pontos. O mercado negociou R$ 16,825 bilhões, dentro da média do ano, de R$ 16 bilhões. A nova turbulência provocada pela ação da Polícia Federal contra o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho, do MDB, que colocou o cargo a disposição, também pesou negativamente no humor dos investidores, que temem impactos na reforma da Previdência.

Estrangeiro volta a trazer dinheiro para a Bovespa

No dia 16 de setembro houve ingresso líquido de R$ 573,847 milhões em capital estrangeiro na Bovespa, segundo dados do BB Investimentos. Com isso, o saldo no mês voltou a ser positivo, em R$ 938,821 milhões. Em 2019, a saída líquida acumulada diminuiu para R$ 20,290 bilhões.

Petrobras sobe com aumento da gasolina

Petrobras PN, que anunciou ontem aumento no preço dos combustíveis, indicando que vai manter a política de paridade com os preços internacionais, fechou em alta de 0,26%. Já Ambev ON subiu com a expectativa de que a queda dos juros pode aumentar o consumo. Os bancos, por sua vez, fecharam em queda, com Itaú Unibanco perdendo 1,67%.

As maiores altas do dia do Índice Bovespa foram lideradas por Marfrig ON, com 6,80%, B2W Digital ON, 5,75%, ViaVarejo ON, 5,26%, mostrando a força do varejo após a queda dos juros. Ecorodovias ON subiu 3,47% e Engie Brasil ON, 2,73%.

As maiores quedas do índice foram de Cielo ON, 5,13%, Ultrapar ON, 2,77%, Banco do Brasil ON, 2,60%, Eletrobras ON, 2,41% e Eletrobras PNB, 1,39%. Os bancos sofrem com a queda dos juros pois seu ganho no crédito equivale a um percentual da taxa. Eles podem compensar isso, porém, com aumento do volume de empréstimos, mas a situação da economia fraca limita esse crescimento.

Dow Jones cai 0,19%

No exterior, o Índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, também perdeu força no fim do dia e fechou em queda de 0,19%. O Standard & Poor’s 500 fechou estável, perto de novo nível recorde de pontos e o Nasdaq subiu 0,07%, na expectativa da negociação entre EUA e China para por fim à guerra comercial. Amanhã os mercados americanos vão ser agitados pelo vencimento quadruplo (quadruple witching, ou ironicamente bruxaria quádrupla) dos mercados de futuros e opções de índices e de ações, o que aumenta a volatilidade.

Juro real abaixo de 1% no Brasil, vê Banco Fator

O Banco Fator espera que a inflação encerre o ano em 3,35%, avance levemente ao final de 2020 para 3,61% e retorne para 3,50% em 2021. Todas as taxas estão abaixo da meta do Banco Central para seus respectivos anos, de modo que a Selic pode continuar recuando, encerrando em 4,50% neste ano, onde deve permanecer durante todo ano de 2020 e depois encerrar 2021 em 6,00%. Com juros de 4,50% e inflação de 3,61%, o juro real deve ficar abaixo de 1%, estima o Banco Fator.

Fed atua para segurar a alta dos juros no mercado nos EUA

Após a decisão de ontem de reduzir os limites da sua taxa básica de juros, que agora está entre 1,75% e 2,00%, para garantir a queda da taxa efetiva no mercado, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) teve de atuar comprando títulos no mercado para injetar dinheiro e reduzir a taxa de juros, que disparou nos últimos dias. Como não encontram comprador para seus títulos, os bancos aceitam pagar taxas maiores e isso pressiona o juro de curto prazo, que chegou a 9% ao ano na terça-feira.

Segundo o Banco Fator, a novidade, desta vez, foi a necessidade de recomprar títulos antes mesmo de a decisão ser anunciada, pela crescente pressão vendedora do mercado. O Fed de Nova Iorque recomprou o total de US$ 203 bilhões em títulos nos últimos três dias e anunciou que irá realizar amanhã mais um leilão de recompra de até US$ 75 bilhões.

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