O déficit em transações correntes, que são compras e vendas de mercadorias e serviços e transferências de renda do Brasil com outros países, chegou a US$ 4,274 bilhões, segundo dados divulgados hoje (23) pelo Banco Central (BC). O resultado ficou bem acima do registrado em igual mês de 2018: déficit de US$ 1,757 bilhão.
De janeiro a agosto, o déficit chegou a US$ 30,277 bilhões, contra US$ 18,372 bilhões em igual período do ano passado.
Entre os dados das contas externas está a balança comercial, que registrou superávit de US$ 2,664 bilhões, em agosto e acumulou US$ 27,164 bilhões, nos oito meses do ano.
Por outro lado, a conta de serviços (viagens internacionais, transporte, aluguel de investimentos, entre outros) registrou saldo negativo de US$ 2,461 bilhões, em agosto, e de US$ 23,327 bilhões, de janeiro a agosto deste ano.
A conta renda primária (lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários), que também faz parte das transações correntes, ficou negativa em US$ 4,727 bilhões no mês passado e em US$ 35,107 bilhões, em oito meses.
A conta de renda secundária (renda gerada em uma economia e distribuída para outra, como doações e remessas de dólares, sem contrapartida de serviços ou bens) teve resultado positivo de US$ 249 milhões, em agosto, e de US$ 992 milhões, em oito meses.
Investimento estrangeiro
Em agosto, o resultado negativo para as contas externas foi totalmente coberto pelos investimentos diretos no país (IDP). Quando o país registra saldo negativo em transações correntes precisa cobrir o déficit com investimentos ou empréstimos no exterior.
A melhor forma de financiamento do saldo negativo é o IDP, porque os recursos são aplicados no setor produtivo. No mês passado, o IDP chegou a US$ 9,470 bilhões, contra US$ 9,651 bilhões de igual mês de 2018. De janeiro a agosto, esses investimentos totalizaram US$ 41,213 bilhões, contra US$ 46,037 bilhões em igual período do ano passado.
Nova metodologia
O BC informou hoje que revisou a metodologia de cálculo das contas externas, com melhora nas fontes de informações. “As revisões no balanço de pagamentos refletem o uso de novas fontes de dados para as transações entre residentes e não residentes realizadas diretamente no exterior – buscando suprir esta que é a mais importante lacuna de informações no balanço de pagamentos brasileiro –, além da melhoria de qualidade de fontes já existentes”, diz nota do BC.
Com a revisão da metodologia, o déficit de transações correntes subiu de US$ 7,2 bilhões para US$ 15 bilhões, em 2017, de US$ 15 bilhões para US$ 21,9 bilhões, em 2018, de US$ 21,7 bilhões para US$ 26 bilhões, de janeiro a julho deste ano. Também houve alteração do IDP: US$ 70,3 bilhões para US$ 68,9 bilhões, em 2017, de US$ 88,3 bilhões para US$ 76,8 bilhões, em 2018, e de US$ 45 bilhões para US$ 31,7 bilhões, de janeiro a julho deste ano.
Apesar do aumento do déficit das transações correntes e redução do IDP, o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, afirmou que a “sustentabilidade das contas externas continuam inalteradas”. Ele destacou que o déficit em transações correntes continuam sendo integralmente coberto pelo IDP.
* Texto ampliado às 12h39