Investing.com – A Mirae Asset destaca que 2020 deve começar com a expectativa de trégua entre EUA e China na questão da guerra comercial e o motivo para isto é que teremos um ano de eleição nos EUA e o presidente Trump quer ser reeleito. Com o acordo que deve ser assinado em janeiro, ficou combinado que a China compre mais produtos agrícolas dos EUA, o que atenderia o interesse de Trump e beneficiar a população agrícola do país e reforçar os votos que poderá ter com este movimento.
Para os analistas da corretora, não teria sentido retomar o conflito com a China neste ano. Confirmado este movimento teremos sinais de melhora da economia mundial. A China deve seguir buscando um crescimento na faixa de 6% para seu PIB e a Europa terá resolvido sua situação com o Brexit.
Brasil
A equipe da corretora apontam que o Brasil tem uma série de desafios para o próximo ano, como o saneamento do elevado rombo nas contas públicas, a andamento da agenda de reformas, a melhora dos índices de confiança dos empresários da população e a atração de investimento local e externo.
O relatório enviado a clientes aponta ainda para a importância na geração de empregos, o aumento do volume de crédito e de consumo, em um cenário de ainda grande endividamento e inadimplência. Outro ponto é a tentativa de reduzir o impacto de uma crise externa na economia local.
No cenário base, a Mirae vê o Ibovespa a 130 mil pontos, com dificuldades no avanço de reformas. No cenário mais otimista com a redução do estado, reformas e recuperação da economia, o Ibovespa poderá bater os 150 mil pontos. Já o cenário pessimista, o índice poderá recuar para 100 mil pontos.
Retomada
A Mirae chama a atenção ainda para os sinais de retomada da economia, que começaram a ser observados de forma mais representativa ao longo do 4T19, com melhora do PIB medido pelo IBC-Br. As vendas mostraram forte recuperação, vide o desempenho do Black Friday e vendas natalinas.
Para os analistas, este movimento deve ser observado de forma mais intensa em 2020, o que irá combater os números negativos de desemprego e endividamento de famílias. Como será necessário destravar o crédito, eles não descartam que o governo e bancos criem situações para melhora destes indicadores de endividamento de pessoas e famílias.
A equipe destaca que está claro que só a Reforma da Previdência não resolve a situação do país e o governo já sinalizou os próximos passos para 2020, um ano eleitoral e que pede urgência para que novas medidas sejam adotadas, no máximo até junho, pois no 2Sem20 os parlamentares estarão reduzindo suas atividades em Brasília para se dedicar as suas bases, já que irão ocorrer eleições municipais.
Assim, o foco para este início de ano se voltará para a Reforma Administrativa, Reforma Tributária, a PEC Emergencial, a revisão do pacto federativo e privatizações. A Reforma Administrativa terá como foco rever as normas do funcionalismo público para tornar a máquina do governo mais produtiva e enxuta.
Apesar de serem esperadas dificuldades para aprofundar esta Reforma, o Mirae acredita que a Tributária seja a mais complexa, pois envolve interesses em diferentes esferas do governo. A PEC Emergencial terá como meta abrir espaço orçamentário para investimentos do governo, que pode inclusive superar a casa de R$ 26 bilhões e o pacto federativo, que buscará uma revisão do fluxo de receitas e divisão entre receitas/despesas e sua divisão entre União, Estados e Municípios.
Emissões
O relatório lembra ainda que o Brasil entra em um ciclo de juros baixos, o que cria uma situação complexa na área de crédito. O BNDES está se reposicionando sobre empréstimos para pessoas jurídicas de grande porte e com isto as empresas estão se deparando com uma situação de trocar dívidas por taxas mais baixas e alongando o ciclo de pagamento, o que considera principalmente produtos como CRI, CRA, Debêntures e Bonds.
Em 2019 várias emissões foram realizadas no mercado local, seja de ações, fundos imobiliários e títulos de dívida e em 2020 a tendência é de um aumento substancial nestes tipos de emissões. Entre janeiro e novembro de 2019, foram emitidos R$ 78,3 bilhões em ações, maior volume da série histórica iniciada em 2002. O recorde anterior foi registrado em 2007, quando foram captados R$ 75,5 bilhões em ofertas de ações.
Já a captação dos fundos imobiliários ficou em R$ 32,5 bilhões, maior volume da série histórica iniciada em 2013 e praticamente é o dobro do recorde anterior, registrado no ano passado, que foi de R$ 15,6 bilhões.
Para o investidor de renda fixa, sejam pessoas físicas ou institucionais, a procura por investimento com taxas melhores que as tradicionais ofertadas pelos bancos irão suportar este grande fluxo financeiro esperado de operações em 2020.
Apostas para 2020
- Açúcar & etanol / dist. Combustível: São Martinho (SA:SMTO3), Cosan (SA:CSAN3), Ultrapar (SA:UGPA3)
- Alimentos / Bebidas: BRF (SA:BRFS3), JBS (SA:JBSS3) e Ambev (SA:ABEV3)
- Bancos: Banco do Brasil (SA:BBAS3), Bradesco (SA:BBDC4) e Itaú (SA:ITUB4)
- Bens de Capital: WEG (SA:WEGE3), Indústrias Romi (SA:ROMI3) e Randon (SA:RAPT4)
- Comércio Varejo: Pão de Açúcar (SA:PCAR4), Via Varejo (SA:VVAR3), Magazine Luiza (SA:MGLU3) e Lojas Renner (SA:LREN3)
- Concessões Rodoviárias: CCR (SA:CCRO3)
- Construção Civil / Shopping: MRV (SA:MRVE3), BR Malls (SA:BRML3) e Multiplan (SA:MULT3)
- Energia Elétrica / Saneamento: AES Tietê (SA:TIET11), CTEEP (SA:TRPL4) – Trans. Paulista, Engie (SA:EGIE3), Sanepar (SA:SAPR11) e Sabesp (SA:SBSP3)
- Educação: Cogna (SA:COGN3) e YDUQS (SA:YDUQ3)
- Financeiro / Serviços: B3 (SA:B3SA3)
- Mineração: Bradespar (SA:BRAP4) e Vale (SA:VALE3)
- Papel e Celulose: Klabin (SA:KLBN11) e Suzano (SA:SUZB3).
- Petróleo / Petroquímico: Petrobras (SA:PETR4)
- Saúde: Raia Drogasil (SA:RADL3), Hypera (SA:HYPE3) e Odontoprev (SA:ODPV3)
- Siderurgia: Usiminas (SA:USIM5) e Gerdau (SA:GGBR4)
- Transportes: Rumo (SA:RAIL3), Santos Brasil (SA:STBP3) e Localiza (SA:RENT3)
- Outros: CVC (SA:CVCB3)