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StockBeat: Air France e Maersk evidenciam impacto do vírus na Europa

Por Geoffrey Smith

Investing.com – É fato notório que as empresas europeias estão mais expostas às repercussões do surto de coronavírus do que as norte-americanas. A China corresponde a uma parcela maior das exportações da zona do euro do que dos Estados Unidos, e a Europa, em particular, não compartilha as características econômicas dos EUA de política fiscal expansiva e demanda doméstica robusta.

Então, enquanto o mercado de ações norte-americano foi bem-sucedido em minimizar o alerta de queda de receita da Apple (NASDAQ:AAPL) no início da semana, os mercados europeus estão, evidentemente, tendo mais dificuldades para enxergar além dos impactos de curto prazo do surto do vírus.

O índice de referência Stoxx 600 estava em baixa de 0,3%, em 432,58, às 13h (horário de Brasília) de quinta-feira (20), após uma série de dados corporativos decepcionantes que sofreram fortes impactos do vírus.

A Air France-KLM caiu 5,5% após dizer que o vírus cortaria seu lucro operacional em até 200 milhões de euros (US$ 215 milhões) no primeiro trimestre.

Há ainda o fato de o grupo ter iniciado o ano em um ritmo fraco, com queda no tráfego de mercadorias e desaceleração no crescimento de receita de passageiros. A promessa de que a conta de combustível do grupo cairá em 300 milhões de euros no ano, ou 5,5%, por causa da queda nos preços do petróleo, não ajudou muito.

As notícias também arrastaram a Deutsche Lufthansa (DE:LHAG) 2,7% para baixo, mas especialistas em viagens de curta distância – para quem a questão do combustível é mais importante do que as tendências de viagens chinesas – tiveram boa performance.

O vírus Covid-19 também esteve visível nos resultados da AP Moeller-Maersk, a transportadora dinamarquesa que opera a maior frota de contêineres do mundo.

A Maersk apontou para um “fevereiro muito, muito fraco” e um março “fraco”, mas o CEO Soren Skou disse ao jornal Financial Times que espera uma “forte recuperação” no comércio global em abril, quando as fábricas chinesas voltarem ao normal.

Skou acrescentou que, nas tendências atuais, o vírus “não teria sido um grande evento para nós”.

As ações da Maersk, um indicador para o comércio global, subiram 4%, atingindo seu nível mais alto em mais de um mês, antes de reduzir os ganhos conforme o mercado se lembrava de que a Maersk também previu uma queda no lucro operacional deste ano e alertou para “baixa visibilidade”.

Junto de notícias sobre a propagação infecções na Coreia do Sul, os dados também empurraram para baixo outros setores sensíveis à China, como luxo e viagens.

Houve outras quedas não relacionadas à China. A gigante de seguros francesa AXA caiu para o fim do CAC 40, perdendo 2,6%, depois de ter dito que irá substituir o presidente de seu negócio de resseguros XL após um ano caro para reivindicações por desastres naturais.

As notícias reviveram preocupações de que a empresa pagou demais para XL há dois anos. A seguradora Swiss Re também caiu 3,9% após seus resultados anuais terem sido atingidos por perdas pesadas pelas catástrofes do tuão Hagibis, dos incêndios florestais na Austrália e do desastre com o Boeing 737 MAX.

Os maiores ganhadores da manhã são do setor de saúde – tanto a alemã Fresenius quanto a britânica Smith&Nephew superaram as expectativas em seus números para o quarto trimestre.

Atrás deles vieram a UBS e o ING Group, tendo os dois subido com notícias de que a gigante suíça nomeou o Ralph Hamers, do ING, especialista renomado em bancos digitais, como seu novo CEO.