Petróleo

Após "queda sem precendentes", petróleo opera em território misto

Por Peter Nurse

Investing.com – Os mercados do petróleo estão mistos na terça-feira (17), derrubando fortes ganhos anteriores, com o mercado ainda assustado pelo colapso na demanda de combustível que resulta do fechamento de vastas áreas da economia global.

Às 12h36 (horário de Brasília), os futuros do petróleo dos EUA eram negociados em alta de 0,62%, a US$ 29,18 por barril, vacilando em torno da linha de ganhos para o dia, enquanto os contratos do índice de referência internacional Brent caíam 0,67% para US$ 29,85.

No fim de segunda-feira, o presidente dos EUA Donald Trump alertou para a probabilidade de uma recessão e uma interrupção prolongada causada por medidas para combater o surto de coronavírus. Com as companhias aéreas cortando os voos, aglomerações de todos os tipos sendo desencorajadas e um número crescente de países entrando em quarentena, a demanda por combustível está enfrentando uma queda sem precedentes.

A norueguesa Rystad Energy divulgou estimativas atualizadas para a demanda global de combustível como resultado do impacto do coronavírus nos mercados globais de energia.

A empresa de pesquisa de energia e inteligência de negócios agora prevê que a demanda por petróleo irá cair em 600 mil barris por dia em comparação com o ano passado, o que equivale a uma queda de 0,6%. A empresa estima que a demanda total de petróleo em 2020 irá cair para 99,2 milhões de barris por dia, ante cerca de 99,8 milhões de bpd em 2019.

“As perdas de demanda no mercado são agora sem precedentes”, escreveu em um relatório Jeff Currie, diretor de pesquisa de commodities do Goldman Sachs (NYSE:GS), dizendo que o consumo de petróleo está agora em queda de 8 milhões de barris por dia.

O banco disse esperar que o WTI seja negociado mais alto do que o Brent nesse trimestre, e cortou sua previsão para o Brent no segundo trimestre para US$ 20 por barril.

A queda na demanda coincide com um excesso de oferta, enquanto a Arábia Saudita e a Rússia começam uma guerra de preços por participação de mercado.

A queda nos preços poderia resultar na receita de petróleo e gás natural de países emergentes caindo para seus níveis mais baixos em mais de duas décadas se as condições atuais do mercado de energia persistiram, alertaram a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) e a Opep em uma rara declaração conjunta.

O diretor executivo da IEA Fatih Birol e o secretário geral da Opep General Mohammed Barkindo expressaram “profundas preocupações” sobre a pandemia de coronavírus na segunda-feira, alertando que poderia ter “consequências econômicas e sociais potencialmente de longo alcance”.

Birot e Barkindo disseram esperar que países em desenvolvimento vejam sua receita de petróleo e gás cair em um intervalo entre 50% e 85% em 2020.

No espaço corporativo, a Exxon Mobil (NYSE:XOM) disse que está considerando cortar os gastos de capital neste ano após a Standard&Poor’s ter cortado sua classificação de dívida de AA para AA+ na segunda-feira. Ao mesmo tempo, a Reuters reportou que a Chesapeake Energy, pioneira no setor de shale, apontou diversos assessores para uma possível reestruturação de dívida.