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BR Distribuidora recua quase 7% com adiamento de dividendos e queda da demanda

Por Gabriel Codas

Investing.com – As ações da BR Distribuidora (SA:BRDT3) operam com forte queda na B3, em um novo dia negativo para os mercados de ações por todo o mundo. A companhia, que tem a Petrobras (SA:PETR4) como principal acionista, apresentou proposta que prevê postergar o pagamento de parte dos dividendos referentes a 2019, bem como a distribuição de juros sobre o capital próprio (JCP).

Desta forma, por volta das 14h10, os ativos recuavam 8,7% a R$ 14,16.

A medida busca “preservação de caixa” em meio à “deterioração do ambiente macroeconômico decorrente da pandemia” de coronavírus, disse a empresa em comunicado na madrugada desta quarta-feira, ao citar restrições à circulação de pessoas e redução do uso de modais de transporte.

A BR afirmou que apresentará em assembleia de acionistas proposta para postergar o pagamento de juros sobre o capital próprio já declarados, no valor de R$ 540,3 milhões, para até 30 de dezembro, ante prazo anterior até 30 de junho.

A companhia também propõe dividendos de R$ 49,8 milhões a serem pagos até 30 de dezembro, enquanto aponta que R$ 534 milhões, originalmente previstos como dividendo adicional referente a 2019, seriam retidos temporariamente como reserva especial de dividendos não distribuídos.

A Petrobras também decidiu alterar a data de pagamento de dividendos remanescentes aos acionistas, de maio para dezembro, para preservação do caixa, conforme divulgado pela companhia no final de março.

Impasse com usinas de etanol

A menor demanda devido às medidas para conter a pandemia de coronavírus levou a BR Distribuidora identificou a necessidade de flexibilizar volumes de compra de etanol de usinas locais, enquanto a Raízen declarou força maior nestes contratos.

A BR, após ser procurada pela Reuters, afirmou que o cenário atípico fez com que a companhia identificasse a “necessidade de flexibilizar o percentual de variação de volume assegurado em contrato até que todo o mercado se normalize”.

Mas, ressaltou a empresa, isso não representa cancelamento de contratos de etanol.

O movimento da BR visa “somente reduzir o volume mensal de aquisição em percentual superior ao previsto em contrato, sem que isso implique em descumprimento do mesmo”.

“Ressalta-se ainda que contratualmente há uma cláusula que exclui a responsabilidade das partes contratantes em caso fortuito ou de força maior.”

Paralelamente, a BR disse que também tomou algumas medidas junto a sua revenda, prorrogando, por exemplo, o prazo para cumprimento do volume contratado, “entendendo que o momento é de espírito colaborativo, unindo forças para minimizar o impacto da crise em todos os atores envolvidos”.

Unica diz de destruição do setor sucro-energético

União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) afirmou nesta quarta-feira que o movimento de declarações de força maior por distribuidoras de combustíveis e energia elétrica, devido à queda da demanda em função das medidas para combater o coronavírus, pode “destruir” as usinas produtoras de etanol e geradoras de bioenergia.

Segundo a Unica, as distribuidoras alegam que os efeitos econômicos da pandemia do Covid-19 seriam causa suficiente para desobrigá-los das aquisições de etanol e de energia elétrica, nos termos das obrigações assumidas.

“A prevalecer essa lógica, as usinas não receberiam o que estava previsto e, por sua vez, deixariam de pagar milhares de fornecedores e colaboradores, gerando efeitos impensáveis em mais de 1.200 municípios brasileiros”, disse a entidade que representa as usinas do centro-sul.

“Tal movimento tem força suficiente para destruir, sem qualquer fundamento jurídico ou econômico, uma parte importantíssima da cadeia sucroenergética, que, em sua base, é formada por milhares de produtores rurais e seus colaboradores às vésperas de uma safra desafiadora”, acrescentou a entidade, lembrando que o setor está iniciando uma nova colheita.

A Unica disse que o “comportamento predatório” não deveria tomar “lugar da necessária solidariedade econômica que o momento exige” e que, “sob o ponto vista jurídico, as notificações ignoram os pressupostos legais para a alegação de força maior e pretendem criar uma verdadeira licença para não pagar”.

A associação declarou também que “lutará para garantir, por todos os meios, que os contratos sejam cumpridos e, assim, contribuir para a sobrevivência do setor e daqueles que dele dependem”.

*Com Reuters