O que importa é a argamassa, e não somente os tijolos

Crescemos com a ideia de que vencer é resultado de competir.

Especialmente em culturas ocidentais, a ideia de que a competição é o caminho para o sucesso está muito presente em diversos campos da vida, incluindo negócios, educação e sociedade em geral. Mas muitas vezes, a pressão por ser o melhor, se destacar individualmente, chegar no topo pode se tornar predatória e prejudicar o desempenho de pessoas e empresas.

Não se trata de dizer que a competição é totalmente nociva. Em certa medida, ela impulsiona os profissionais a inovarem, buscarem excelência e aprimorarem suas habilidades, mas o foco excessivo em competir pode levar a uma mentalidade de "ganhar a qualquer custo" e resultar em comportamentos antiéticos, falta de colaboração e estresse excessivo, comprometendo a produtividade.

Foi o que a líder de negócios estadunidense Margaret Heffernan, ex-CEO de cinco empresas, empresária e autora de livros premiados concluiu em seus anos de experiência em corporações.

Baseada em um estudo conduzido pelo Centro de Inteligência Coletiva do MIT, que investigou os fatores que contribuem para o desempenho superior de alguns grupos em comparação com outros, ela demonstrou como uma abordagem mais colaborativa e cooperativa pode levar a resultados mais significativos e sustentáveis.

A colaboração é mais sustentável e criativa

O estudo se concentrou em entender quais as características que os grupos com melhor desempenho tinham em comum. E o achado foi que não eram os times compostos por pessoas com maior capacidade individual e sim aqueles nos quais as pessoas sabiam trabalhar melhor em conjunto.

Três características foram associadas aos times mais eficazes:

  • • Diversidade de Membros: grupos com uma ampla gama de habilidades, perspectivas e experiências são mais inovadores e capazes de encontrar soluções criativas para os desafios.
  • • Igualdade de Participação: grupos onde os membros têm oportunidade de contribuir igualmente tendem a ter desempenho melhor do que aqueles onde a contribuição é desigualmente distribuída.
  • • Habilidades Sociais: grupos em que os membros são habilidosos em perceber e entender as emoções dos outros, bem como em facilitar a comunicação eficaz.

Essas conclusões nos revelam a importância de cultivarmos um ambiente que estimule a colaboração e a comunicação aberta, valorize a diversidade e promova uma cultura de respeito e confiança, incentivando o compartilhamento de ideias e a construção de relacionamentos positivos.

Um ambiente em que todos possam prosperar juntos, aproveitando ao máximo “a inteligência coletiva”, o que comprovadamente resulta em aumento do desempenho e da produtividade, promove a criatividade, estimula a inovação, reforça o nosso tecido social e nos inspira muito mais do que a competição acirrada.

A "inteligência coletiva" supera as “inteligências individuais”

Mas o que é inteligência coletiva? Trata-se da capacidade de um grupo de colaborar de maneira eficaz e resolver problemas juntos. É também chamada de coesão social, aquela liga que se cria entre pessoas empáticas, com uma sintonia diferenciada, que se sentem conectadas e valorizadas e, por isso, são mais propensas a compartilhar ideias, contribuir ativamente e trabalhar juntas, superando diferenças e desafios para alcançar objetivos comuns.

Fomentar a coesão social envolve a criação de relações autênticas e significativas, o que favorece também a capacidade de lidarem com divergências e discordâncias de forma respeitosa e produtiva, transformando desafios em oportunidades de aprendizado e crescimento, um elemento vital para o sucesso de grupos e organizações.

Relações fortes e positivas, construídas em um ambiente leve e saudável, onde a cooperação liberta os profissionais de terem que saber tudo, porque trabalham com pessoas boas em ajudar e em serem ajudadas.

No final, o que motiva mesmo as pessoas são as conexões, a lealdade e a confiança que elas desenvolvem umas com as outras e por isso finalizo o artigo com a reflexão que a frase da Heffernan nos deixa: “o que importa é a argamassa, e não somente os tijolos”.

A opinião e as informações contidas neste artigo são responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, a visão da SpaceMoney.