Economia

Envio do principal texto que regula reforma tributária sinaliza alívio em ruídos, aponta analista

Primeiro de três projetos de lei refere-se às normas comuns do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS)

Vista aérea da Esplanada dos Ministérios em Brasília-DF, localizada no Eixo Monumental, via que corta o Plano Piloto no sentido leste-oeste
Vista aérea da Esplanada dos Ministérios em Brasília-DF, localizada no Eixo Monumental, via que corta o Plano Piloto no sentido leste-oeste

Nesta quarta-feira (24), por volta do meio-dia, o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entrega ao Congresso Nacional dois projetos de lei complementar (PLCs) que tratam da regulamentação da reforma tributária sobre o consumo.

O primeiro e principal documento – o único que deve ser entregue hoje – refere-se às normas comuns:

  • – do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) – Estadual – e
  • – da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) – tributo federal sobre o consumo.

 

Esses novos impostos serão criados no âmbito da reforma tributária e formarão o Imposto Sobre Valor Agregado (IVA). “Fechamos com o presidente [Lula]. Não tem mais pendência com ele”, declarou Fernando Haddad (PT-SP), ministro da Fazenda.

O político alega que, agora, resta um “trabalho braçal para fechar o texto com mais de 150 páginas, quase 200”. Haddad declarou que a sua pasta encaminha agora ao Congresso Nacional “um projeto mais robusto”.

Na avaliação de Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe da Levante Investimentos, o texto “desafia evitar benesses setoriais que culminariam no aumento da alíquota base final”.

De acordo com Bernard Appy, secretário extraordinário para a Reforma Tributária, o texto define regras sobre:

  • – regimes específicos e diferenciados;
  • – imposto seletivo (IS, ou o “imposto do pecado”) – incidente sobre produtos com risco à saúde e ao meio ambiente -, e 
  • – questões referentes ao imposto federal, como o regime automotivo das regiões Norte e Nordeste (IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados, incidente sobre mercadorias concorrentes das produzidas na Zona Franca de Manaus – e Programa Universidade para Todos (ProUni).

 

A matéria aborda ainda o processo de transição do sistema tributário.

Belivacqua relembra que Appy obrigou os participantes dos grupos de trabalho da regulamentação a assinarem um termo de sigilo – a fim de evitar eventuais antecipações do debate antes da versão final, a ser discutida a partir de agora pelos congressistas.

 

O segundo PLC detalha questões específicas da transição do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para o IBS, como:

  • – a forma de organização do Comitê Gestor, um órgão a ser criado com representação dos estados e municípios para gerência de arrecadações locais,
  • – a distribuição federativa da receita do imposto; e
  • – o contencioso administrativo do novo tributo estadual.

 

De acordo com o ministro Fernando Haddad, espera-se que o segundo PLC seja encaminhado no prazo de uma semana a até dez dias.

 

O projeto de lei ordinário, por sua vez, vai detalhar como vai ser feita a transferência de recursos ao Fundo de Desenvolvimento Regional (FDR). Não existe cronograma para o envio da terceira parte da proposta. 

Eduardo Braga (MDB-AM) vai ser o relator dos três projetos de regulamentação da reforma tributária no Senado Federal. Na Câmara dos Deputados, por sua vez, o governo federal espera que a relatoria seja mantida com o deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) em, pelo menos, um dos projetos.

Para Bevilacqua, os imbróglios políticos lentamente se desenrolam. O estrategista-chefe ressalta valer a pena ficar atento ao trâmite do texto e possível aumento de volatilidade com ruídos sobre o documento.