A decisão de tirar Jean Paul Prates do comando da Petrobras (PETR3)(PETR4), tomada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na noite da última terça-feira (14), deve gerar um desgaste ainda maior para a imagem da estatal perante os investidores, com aumento das preocupações sobre possível interferência política na empresa, avalia o BTG Pactual.
Com isso, a espera do banco é que o valor de mercado da petroleira diminua bastante nos próximos dias. Já nesta quarta-feira (15), por volta das 11:00, as ações PETR3 operam com baixa de 8,46% a R$ 39,30, enquanto as PETR4 é cotada a R$ 38,10, com perdas de 6,78%. Em uma perca total de R$ 45 bilhões do valor de mercado.
Embora os motivos exatos para a substituição de Prates ainda sejam especulativos, o BTG sugere que a decisão pode estar relacionada a uma insatisfação do governo Lula com o ritmo de execução do capital de investimentos da empresa.
Em um contexto recente, a Petrobras havia decidido reter fundos destinados a dividendos especiais em sua reserva de capital, considerando que pagamentos mais elevados poderiam ameaçar a capacidade de investimento da companhia.
Para substituir Prates, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, escolheu Magda Chambriard como sua sucessora.
Chambriard traz consigo uma vasta experiência no setor de óleo e gás. Iniciou sua carreira na Petrobras em 1980, onde trabalhou por mais de duas décadas, principalmente no segmento de exploração e produção (E&P).
Nos anos 2000, Chambriard assumiu diversos cargos na Agência Nacional do Petróleo (ANP), incluindo o de diretora-geral em 2012, durante o governo Dilma Rousseff.
Além de sua trajetória na Petrobras e na ANP, a executiva tem atuado como pesquisadora na Fundação Getulio Vargas (FGV) e como consultora, sendo atualmente conselheira fiscal na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ).
Para o BTG, a nomeação de Chambriard será um teste para a nova Lei das Estatais, que visa limitar a nomeação de indivíduos politicamente expostos para cargos executivos em empresas estatais.
Embora o controlador da Petrobras tenha o direito de alterar o CEO, o banco espera que as futuras nomeações sigam critérios técnicos rigorosos.
Desde a implementação da Lei das Estatais e o fortalecimento dos estatutos da Petrobras, a empresa passou por várias mudanças de liderança, enfrentando escrutínio sobre sua estratégia de preços de combustíveis e alocação de capital.
No entanto, o BTG ressalta que essas mudanças não resultaram em grandes revisões das previsões de geração de fluxo de caixa livre para a empresa.
O banco espera que o pragmatismo continue a guiar a administração da petroleira, dado o contexto fiscal do governo federal e as regras de governança rigorosas.
"A postura de Chambriard em relação à remuneração dos acionistas será crucial para manter a confiança dos investidores, especialmente considerando que Jean Paul Prates era visto como um defensor de uma sólida remuneração aos acionistas", comenta o BTG.
Apesar da volatilidade esperada nas ações da Petrobras, o BTG Pactual mantém sua recomendação de compra para os papéis da empresa.
O banco acredita que a estatal continuará a buscar novas fusões e aquisições e estratégias para reduzir a volatilidade dos preços dos combustíveis, sem comprometer os rendimentos de dividendos previstos para 2024 e 2025.