A gestão do conhecimento vem se provando ao longo de décadas uma ferramenta corporativa bastante estratégica. Isso porque a formalização do conhecimento dos profissionais de uma organização cria um legado
robusto para a empresa, garantindo que o conhecimento vital seja preservado, acessível e utilizado para promover inovação, competitividade e crescimento sustentável.
Dois casos citados com frequência são do Google, que utiliza plataformas internas como o Google Sites para criar wikis e bases de conhecimento acessíveis a todos os funcionários e da Toyota, conhecida por seu sistema de produção Toyota (TPS), que inclui práticas rigorosas de documentação e compartilhamento de conhecimento, como o Kaizen (melhoria contínua) e oA3 (resolução de problemas).
No exemplo do Google, a abordagem promove uma cultura de inovação contínua e de aprendizagem, permitindo que os times desenvolvam novas ideias e produtos rapidamente. Já no caso da Toyota, essa estratégia de gestão do conhecimento resulta para a empresa na manutenção de altos níveis de eficiência e qualidade da produção, bem como uma capacidade constante de inovação e adaptação às mudanças no mercado.
Porém, os benefícios de se ter uma boa estratégia nesse campo não se restringem aos resultados gerados para o negócio diretamente. Ela impacta também os colaboradores e pode trazer um sentido de propósito, à medida que facilita o acesso a informações relevantes e oportunidades de aprendizado contínuo, promovendo um senso de crescimento pessoal e profissional.
Para a cultura organizacional, a gestão do conhecimento é também ferramenta essencial, pois ajuda a alinhar as atividades dos colaboradores com os objetivos estratégicos da empresa, o que cria uma visão compartilhada e um entendimento claro de como o trabalho de cada um contribui para os objetivos maiores.
Ao compartilhar conhecimento, se promove ainda uma cultura de colaboração, aumentando o senso de comunidade e o apoio entre os colaboradores. Quando as pessoas trabalham juntas para resolver problemas e inovar, elas desenvolvem um sentimento de pertencimento e propósito coletivo.
Gestão do reconhecimento
Trazer conhecimentos externos, de especialistas, consultores e expoentes do mercado faz parte da estratégia, mas valorizar as expertises internas agrega uma camada a mais de realização para os profissionais.
Reconhecer e utilizar o conhecimento dos colaboradores é uma forma de valorizar suas habilidades e experiências e gera senso de pertencimento, porque os fazem perceber que suas contribuições são importantes para o sucesso da empresa.
Aqueles que compartilham seu conhecimento ficam mais motivados ao serem destacados por suas lideranças como referências em determinados temas e ganham a valorização e o respeito de outros líderes, pares e de seus times. E isso traz propósito, aspecto essencial para atrair e reter talentos.
Pesquisas recentes destacaram o reconhecimento como algo crucial e um diferencial significativo para a marca empregadora. O estudo da Randstad em 2023, que incluiu mais de 163 mil entrevistados globalmente, indicou que, ao lado da progressão de carreira, o reconhecimento está entre os principais fatores que os profissionais valorizam em um empregador.
Por isso, precisamos, cada vez mais, desenvolver e capacitar as lideranças para serem também “gestores do reconhecimento”. Líderes bem treinados e que valorizam o trabalho de suas equipes contribuem significativamente para estimular um ambiente de trabalho positivo e produtivo, gerar engajamento e satisfação dos colaboradores, conforme relatório de tendências de gestão de pessoas de 2024 da GPTW (Great Place to Work).
Vivemos o tempo do “Lifelong Learning”, em que o aprendizado contínuo é mandatório. Que tal acrescentarmos em nossas estratégias de conhecimento uma visão que empreguei em toda a minha carreira de educação corporativa e que chamo de “Lifelong Teaching”? Todas as pessoas em algum grau, tema, ou momento da carreira, têm algo valioso a ensinar, independentemente da fase da vida em que se encontram.
Difundir uma cultura de compromisso permanente de compartilhamento de conhecimento e experiências; de transmissão de saberes para colegas e gerações futuras; de reciprocidade, já que ao ensinar, também se aprende, é algo que me parece fundamental a ser adotado como prática contínua.
Afinal, além de impulsionar a inovação, a eficiência e a competitividade da empresa no mercado, vai criar um ambiente de trabalho onde os colaboradores se sentem conectados, valorizados e motivados, criando redes de apoio e colaboração mais robustas, o que contribui significativamente para o seu bem-estar e desempenho.
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