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Carrefour (CRFB3), Panvel (PNVL3) e Lojas Renner (LREN3): como a tragédia no RS afeta varejistas?

Genial Investimentos acredita que, neste primeiro momento, o bolso do consumidor vai estar comprometido com as compras de produtos de primeira necessidade

Carrefour (CRFB3), Panvel (PNVL3) e Lojas Renner (LREN3): como a tragédia no RS afeta varejistas?

Entre as treze varejistas atualmente cobertas pela Genial Investimentos, a plataforma opina que o Carrefour (CRFB3), a Lojas Renner (LREN3) e a Panvel (PNVL3) compõem o conjunto de empresas mais expostas ao estado do Rio Grande do Sul (RS).

“Apesar de estarem sob o mesmo guarda-chuva, o setor de varejo, a dinâmica e a intensidade do impacto financeiro causado pela crise sanitária são completamente diferentes – uma vez que duas dessas três empresas comercializam produtos de primeira necessidade e, de forma análoga ao que aconteceu durante o início da pandemia, acreditamos que, apesar de uma perda de inclinação na variável ʽrentabilidadeʼ, o topline destas companhias podem se beneficiar do aumento de volume de compras, em um primeiro momento”, escreveram os analistas Iago Souza e Nina Mirazon.

De acordo com os analistas, empresas voltadas para o consumo não discricionário, como o varejo alimentar e o farmacêutico, sofrem menor deformação, neste momento. Por outro lado, companhias de consumo discricionário, como a Lojas Renner, são mais elásticas e, “portanto, a compressão da demanda deve ser mantida por muito mais tempo antes de voltar à posição inicial”.

A plataforma acredita que, neste primeiro momento, o bolso do consumidor vai estar comprometido com as compras de produtos de primeira necessidade – “o que deve suavizar o impacto em empresas como o Carrefour e a Panvel”.

 

Sobre o Carrefour (CRFB3)

Nas estimativas da plataforma, cerca de 9,0% das vendas brutas da companhia vêm do Rio Grande do Sul (RS). Seus centros de distribuição na região, nas cidades Esteio e Porto Alegre, não apresentaram danos materiais.

Cerca de sete lojas precisaram ser temporariamente fechadas (aproximadamente 7,0% de todas as lojas da UF). As unidades representam 1,0% das vendas brutas totais do grupo.

“Acreditamos que o Carrefour deve apresentar um trimestre de maior alavancagem operacional, com destaque para o aumento de volume bruto de mercadorias (mais do que compensada a variável preço, que deve ser impactada pelo congelamento de preços realizado pela companhia no estado do RS). Em termos financeiros, o crescimento de 4,2% a/a de receita bruta traria uma aceleração sequencial de vendas – uma vez que o 1º trimestre consolidou um crescimento de +2,5% a/a na mesma linha”, escreveram Mirazon e Souza.

 

Confira a tabela:

 

Sobre a Lojas Renner (LREN3)

Cerca de 13,0% da receita líquida do varejo da companhia vêm do Rio Grande do Sul (RS), calcula a Genial Investimentos. A natureza não essencial de consumo do setor de vestuário deve trazer o maior impacto financeiro de nossa cobertura de varejo no trimestre, de acordo com a plataforma.

“Entendemos que o impacto não deve vir tanto de baixa de ativos (relativo às perdas de estoques) e/ou maior CAPEX de reforma de lojas, mas sim de uma desaceleração de vendas e maiores despesas operacionais (antecipação de férias, 13º e depósito emergencial), o qual pode dar um duplo golpe na margem EBITDA (visão não ajustada) e lucro nesse trimestre – mesmo diante de uma fraca base de comparação, dado que o 2º trimestre de 2023 foi um período atípico tanto em termos de vendas quanto em rentabilidade”, escrevem Mirazon e Souza.

No momento mais crítico da situação, cerca de vinte e sete lojas (4% do parque total) chegaram a ficar fechadas, dado a falta de acessibilidade até o local. Atualmente, cerca de sete unidades (1% do parque total) ainda continuam fechadas.

 

Confira a tabela:

 

Sobre a Panvel (PNVL3)

A Genial Investimentos calcula que 67,00% das vendas da companhia vêm do RS, e, além disso, a companhia possui dois centros de distribuição – um deles localizado na cidade de Eldorado do Sul (RS) – região vizinha a capital do estado e bastante afetada pelas enchentes das últimas semanas.

Apesar da forte concentração de receitas no Rio Grande do Sul, Mirazon e Souza acreditam que, por estar em um setor de primeira necessidade, com o comércio de medicamentos e serviços farmacêuticos, o impacto que a Panvel pode sentir ao longo do 2º trimestre de 2024 deve vir mais na linha de margem operacional do que o faturamento bruto em si.

 

Quatro pontos devem impactar o lucro operacional da companhia nesse trimestre:

  • – i) Faturamento do Atacado deve reduzir drasticamente: historicamente, essa linha adicionava cerca de R$ 100 milhões/trimestre ao topline e representava cerca de 8,5% do faturamento total do grupo. Com a paralização da operação de atacado, a Genial Investimentos acredita que a margem bruta consolidada do grupo deve sofrer um impulso positivo, uma vez que a rentabilidade desse canal girava em um patamar inferior ao consolidado pelo grupo (~12,0% Atacado vs. ~29,0% Grupo);
  • – ii) Higiene deve ajudar a defender a margem bruta: dentro do grupo de HB (Higiene e Beleza), a plataforma projeta que o crescimento de venda dos itens de higiene de primeira necessidade (sabonete, pasta de dente, etc.) deve trazer um efeito positivo para a rentabilidade bruta nesse trimestre;
  • – iii) Maiores despesas com vendas: com a antecipação do 13º salário para colaboradores (despesa que costuma afetar o 4º trimestre) e maiores gastos com logística, dado que o centro de distribuição de Eldorado ficou sem operação por alguns dias (e atualmente opera abaixo da média de capacidade), Mirazon e Souza veem um aumento das despesas com vendas. Somado a isso a menor alavancagem operacional, e este fator deve pressionar a margem EBITDA nesse trimestre, tanto na visão sequencial, quanto na visão anual;
  • – iv) Baixa de ativos: apesar da maior parte das lojas possuírem apólice de seguro, o que ajuda a mitigar os danos, analistas veem que a Panvel deve apresentar uma baixa de ativos relacionado à perda de estoque nas 18 lojas temporariamente fechadas nesse trimestre.

 

Apesar de impactar financeiramente a companhia no curto prazo – com menor crescimento de receita e pressão na margem operacional durante o 2º trimestre – a Genial Investimentos entende que se abre uma considerável “janela de oportunidade” para maior consolidação do setor no Estado, dado o fechamento de lojas de independentes/associados, com devolução de pontos comerciais ‘interessantes’ para a Panvel aumentar a sua expansão nos próximos anos. 

 

Confira a tabela: