No último sábado (13) o Irã fez um movimento militar que elevou ainda mais a tensão no Oriente Médio e colocou em xeque a geopolítica da Região e do resto do mundo. O país governado pelo aiatolá Ali Khamenei, no poder desde junho de 1989, tentou bombardear Israel. Foram lançados mais de 300 drones e mísseis, sendo que 99% deles acabaram interceptados pelo sistema antimíssil do país judeu.
O levante se deu em resposta a um ataque à embaixada do Irã na Síria, supostamente orquestrada pelas forças antiterroristas de Israel, que se viu em um embate contra o Hamas após o grupo paramilitar atacar civis em uma festa em Gaza, em outubro do ano passado. Os israelitas contam com apoio dos EUA, França e Reino Unido, enquanto os iranianos têm consigo o Iraque, a Síria e o Iêmen.
O economista Volnei Eyng, CEO da Multiplike, diz acreditar que esse novo conflito não deverá escalar para uma nova guerra. “Foi uma resposta coordenada, da qual Israel e os aliados já estavam esperando e vinham se preparando há semanas. O Oriente Médio está estremecido pela ênfase que Israel imprimiu em sua resposta ao Hamas, mas nenhuma das nações do entorno parece querer uma extensão desse conflito”, afirma.
Para ele, o que boa parte dos países muçulmanos dá a entender é o desejo de que Israel diminua ou encerre sua ofensiva contra o grupo terrorista, principalmente por conta do volume de refugiados que essa ‘caçada’ gerou. O fluxo migratório só não disparou porque boa parte das fronteiras daquela Região são fortemente controladas, a exemplo do que se vê no limite territorial com o Egito.
Fabio Murad, sócio da Ipê Investimentos, tem o mesmo entendimento acerca do conflito. “Uma escalada é possível, mas incerta devido à complexidade da situação por lá. Para proteção, os investidores podem buscar ativos considerados seguros, como ouro e dólar. Setores menos dependentes da economia global, como serviços domésticos, podem ser mais resilientes”, lembra.
Segundo Murad, a guerra pode levar a um aumento nos preços do barril do petróleo por conta de restrições na oferta global, impactando no preço final da gasolina para os consumidores no Brasil, já que a Petrobras (PETR3; PETR4) tende a ajustar seus preços segundo o mercado externo.
De igual modo, André Colares, CEO da Smart House Investments, reforça que o cenário de conflito e suas implicações econômicas demandam uma vigilância constante das autoridades econômicas e uma gestão cautelosa dos riscos por parte dos investidores. “Setores mais resilientes, como commodities e segmentos menos expostos às flutuações do mercado externo, podem ser considerados opções mais seguras em tempos de incerteza geopolítica”, frisa.
Os líderes do G7, composto pelos sete países mais industrializados do mundo, condenaram o ataque e expressaram seu compromisso em trabalhar para estabilizar a situação no Oriente Médio. A Itália, atual detentora da presidência rotativa do G7, convocou uma reunião virtual com os outros membros do grupo, que incluem os EUA, Canadá, França, Alemanha, Reino Unido e Japão.
Consequências
Os executivos listam cinco consequências da iminente guerra para a economia brasileira.
- Aumento no preço do petróleo: A iminente guerra pode resultar em restrições na movimentação de petróleo e derivados, elevando os preços globais do petróleo. Isso pode pressionar a Petrobras a aumentar os preços da gasolina no Brasil.
- Valorização do dólar: A alta nos preços do petróleo tende a fortalecer o dólar em relação a outras moedas, podendo causar uma valorização da moeda americana no Brasil.
- Dificuldade para reduzir a taxa Selic: A valorização do dólar pode limitar a capacidade do Banco Central do Brasil de reduzir a taxa Selic.
- Impacto nos setores de commodities: Setores ligados a commodities, como mineração e agricultura, podem se beneficiar do aumento nos preços das commodities durante conflitos.
- Instabilidade nos mercados: O conflito pode gerar instabilidade nos mercados financeiros, resultando em volatilidade nos preços das ações e outros ativos financeiros.