Investir em CDBs, LCIs e LCAs tornou-se uma escolha popular entre os investidores, dada a atratividade de suas taxas. No entanto, a analista Marília Fontes, da Nord Research, destaca ser crucial evitar alguns erros comuns para garantir uma carteira de investimentos saudável e rentável.
“A carteira de produtos bancários pode ser o maior aliado de um investidor conservador ou pode destruir a flexibilidade de gestão de um patrimônio”, diz.
Por isso, Fontes fez uma lista para te ajudar a evitar esses erros:
Escolha do indexador
Fontes destaca ser fundamental entender os diferentes tipos de indexadores: pré-fixados, indexados à inflação e pós-fixados.
- Os pré-fixados oferecem uma taxa fixa, como 12,0%, 13,0% ou 15,0%, que não muda ao longo do período do investimento.
- Já os indexados à inflação, como o IPCA+, oferecem um retorno baseado na inflação mais uma taxa fixa, como IPCA+5,0%.
- Os pós-fixados são atrelados a um percentual do CDI, como 100,0% ou 105,0% do CDI.
O investidor precisa entender que cada um desses indexadores pode se dar bem em um cenário macroeconômico diferente.
A analista relembra que muitos investidores erram ao escolher um CDB pré-fixado em um momento de baixa taxa de juros, como quando a Selic estava em 2%. Ou, ainda, optam por um pós-fixado logo antes de um ciclo de queda da Selic, no qual a rentabilidade começa a cair, enquanto se poderia ter travado uma taxa maior nos prefixados.
“Se as taxas de juros estão baixas e você espera que subam, um pós-fixado pode ser mais vantajoso. Se as taxas estão altas e você espera que caiam, um pré-fixado pode ser a melhor escolha”, indica.
Avaliação do emissor
Não basta olhar apenas a taxa oferecida pelo CDB. Fontes afirma ser crucial avaliar a saúde financeira do emissor.
“Um exemplo foi um cliente que investiu no Banco Digimais sem analisar o balanço, o que o levou a um risco desnecessário. A carteira de crédito do Banco Digimais mostrou um aumento significativo na proporção de clientes com problemas de pagamento (classificação D-H), a 39,0% em 2022, o que deixou o resultado do banco negativo”, relembra.
No entanto, bancos como o Daycoval apresentaram uma carteira de crédito mais saudável, mesmo atuantes em setores de maior risco. “E, quando comparamos as taxas oferecidas pelo Digimais, não eram tão maiores do que as oferecidas pelo Daycoval”, acrescenta.
De acordo com a analista, estudar os investimentos e comparar os riscos garante que você tenha uma carteira rentável sem renunciar à segurança
“Comparar a taxa de um CDB com a taxa do governo pode ajudar a determinar se o risco assumido está devidamente compensado”, declara.
Confiar excessivamente no FGC
O Fundo Garantidor de Créditos (FGC) não deve ser sua única linha de defesa. Embora ofereça segurança até certo ponto, ele também possui suas limitações e riscos.
“O FGC possui uma disponibilidade de apenas 2,30% do valor que ele garante, o que significa que, em um cenário de crise financeira severa, pode não ter recursos suficientes para cobrir todas as garantias”, declara Fontes.
Portanto, a analista recomenda priorizar investimentos em bancos sólidos e usar o FGC como uma camada adicional de segurança, e não como a principal.
Mesmo com a proteção do FGC, você deve avaliar a solidez do emissor e diversificar os investimentos para minimizar os riscos.
Liquidez da carteira
Evite travar toda a sua carteira em CDBs de longo prazo! “Investir em CDBs com prazos mais curtos permite que você aproveite novas oportunidades à medida que surgem, sem ficar preso a investimentos de baixo retorno”, detalha a analista.
Por exemplo, tem muito investidor que trava os investimentos por cinco anos para ganhar 105% do CDI. Para um CDI médio de 10% ao ano, isso representaria um retorno extra de 0,5% ao ano.
“Ao fazer isso, você pode perder oportunidades significativas de investimento em ações, fundos imobiliários e outros produtos que podem oferecer retornos muito maiores durante este período, como 40% ou 50% nominal. Manter parte da carteira em produtos com maior liquidez permite uma maior flexibilidade para aproveitar essas oportunidades”, explica.
Verificação da taxa justa
Sempre compare a taxa oferecida por um CDB com as taxas de referência do mercado. As mais confiáveis são disponibilizadas pela B3 e pela ANBIMA.
“Por exemplo, se você considera um CDB pré-fixado para um período de seis meses, verifique a taxa justa para esse prazo na B3 (em “Taxas Referenciais B3”). Se a taxa oferecida pelo CDB for inferior à taxa de um título do governo para o mesmo período, esse CDB pode não ser uma boa escolha. Da mesma forma, para títulos indexados à inflação, consulte as taxas na Anbima (em “Taxas para títulos públicos ANBIMA”). Se a taxa oferecida pelo CDB for inferior à taxa de um título IPCA+ do governo, reconsidere sua escolha”, completa.