Desde que ficou decidida a saída de Eduardo Bartolomeo do cargo de CEO da Vale (VALE3), a mineradora ficou “acéfala” e “sem alguém com autoridade” para tratar de assuntos que são relevantes ao interesse nacional, afirmou o ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira (PSD-MG), à agência Reuters.
Silveira expressou ainda sua preocupação com a lentidão nas negociações para compensação pelo desastre da barragem de Mariana (MG), em Minas Gerais, ocorrido em 2015.
O ministro criticou a Vale por sua falta de proatividade e indicou que medidas mais severas podem ser necessárias, inclusive uma possível revisão da legislação brasileira para forçar mudanças na postura da mineradora.
Existe a expectativa de que um acordo sobre o desastre seja fechado ainda neste ano, mas a proposta de compensação de R$ 140 bilhões foi considerada insuficiente pelas autoridades.
O político ressaltou que a Vale, atualmente, se concentra mais na venda de infraestrutura do que na exploração de ativos estratégicos no Brasil.
À Reuters, mencionou que o governo considera medidas e sanções mais rigorosas e afirma ser crucial monitorar a postura da empresa, que ele vê como quase monopolista e sem alinhamento estratégico com os interesses nacionais.
A Vale, por sua vez, não comentou diretamente sobre as declarações do ministro, mas reafirmou seu compromisso em negociar um acordo justo para a reparação do desastre de Mariana.
Bartolomeo permanece no cargo até dezembro de 2024, e a empresa definiu que ele vai ajudar no processo de transição para a nova liderança.
A disputa sobre a sucessão do CEO gerou rumores de tentativas de intervenção do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), especialmente em relação à nomeação do ex-ministro Guido Mantega.
Silveira negou qualquer ingerência do governo e defendeu que a escolha do novo presidente da Vale deve ser feita de maneira técnica e rápida.
Recentemente, o conselho de administração da Vale enfrentou a segunda renúncia de um membro independente em três meses, com alegações de influência política no processo de sucessão.
À Reuters, o ministro afirmou ter pedido por uma escolha técnica e eficiente para garantir uma liderança que entenda adequadamente o papel da Vale.
A governança da empresa, embora com novos controles para evitar interferências políticas, ainda está composta pela Previ, fundo de pensão do Banco do Brasil (BBAS3), como acionista importante.
As informações são da agência Reuters.